A procura elevada nos últimos dias tem levado à rutura de stocks de autotestes em algumas farmácias de Lisboa, bem como ao aumento das marcações para despistagem rápida feitas nestes estabelecimentos. O Observador ligou para 50 farmácias com o protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa em vigor, o qual garante testes gratuitos e ilimitados à Covid-19, sendo que apenas 13 responderam ao pedido de informação — as restantes não atenderam, com as listas de espera a serem frequentes.

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Enquanto algumas farmácias asseguraram ter alguns — poucos — autotestes para venda, com a procura “acima do normal”, outras assinalaram a sua falta. Um estabelecimento em particular, no centro da capital, está sem stock há uma semana, apesar da encomenda feita previamente. Mas diz continuar a fazer testes antigénio por marcação (as poucas vagas que existem são para sexta-feira da próxima semana).

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Na zona ribeirinha da cidade, uma farmácia antecipa que já não deverá ter testes para venda no sábado, um cenário provável de acontecer “nos próximos dias” também num estabelecimento próximo do Parque Florestal de Monsanto. Noutro, em Arroios, os testes esgotaram na quinta-feira.

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A Farmárcia Curie ainda tem autotestes disponíveis, mas tem estado a “racioná-los” com receio que acabem, daí que tenha tomado a decisão de disponibilizar só um teste por pessoa. Quanto às análises feitas no local, acontecem apenas por marcação e os telefonemas não têm parado — vagas só para a próxima quinta-feira. Também a Farmácia das Avenidas precaveu-se e fez um “aprovisionamento com antecedência” para responder ao aumento expectável — há sensivelmente um ano que tem uma estrutura montada no exterior para a realização de testes antigénio e, atualmente, faz em média cerca de 300 por dia (ainda tem vagas para domingo, mas o próximo feriado já está completamente cheio).

Já a Farmácia de Marvila nunca teve muitos autotestes para venda — e desde a semana passada deixou de os ter. Ao Observador, a sua diretora Isaura Martinho explica que esta foi “a primeira farmácia a aderir ao protocolo” da Câmara Municipal de Lisboa e que desde o início fazem testes no local sem marcação. “Optámos por essa solução para travar cadeias de transmissão” e não deixar de fora quem precisa de testagem com mais urgência, diz. Só ontem foram realizados 222 testes e, entretanto, acabou o material. “Ainda não chegou, está na transportadora.” Desde as 18h de quinta-feira e até ao momento da entrevista, Isaura não aviou qualquer teste e quando chegou à farmácia, antes das 09h, já tinha sensivelmente 30 pessoas em fila à espera. Ao Observador diz ainda que todos os fornecedores de Lisboa que contactou “estavam sem material”.

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A ministra da Saúde, Marta Temido, confirmou esta sexta-feira a escassez dos autotestes nos locais autorizados para venda (farmácias, parafarmácias e supermercados), mas diz que o problema será resolvido. “Aquilo que temos de informação é que, nos próximos dias, designadamente neste fim de semana, haveria reposição”, disse Marta Temido aos jornalistas junto ao Hospital de Lamego. “Há uma grande procura. É natural que haja alguns estrangulamentos que tenderão a ficar controlados.”

Marta Temido garantiu existirem no país “760 farmácias e mais de 180 laboratórios que aderiram ao protocolo” com o Estado, que prevê a realização dos testes de antigénio comparticipados. A ministra da Saúde disse, ainda, que este protocolo pode ser estendido a outras entidades, incluindo as do setor não lucrativo.

Das 13 farmácias de Lisboa que responderam ao pedido do Observador, apenas duas disseram ter autotestes disponíveis para venda sem preocupações de maior com o stock existente. E, da consulta feita, destacam-se os casos específicos em que só é possível marcar testes antigénio para meados de dezembro, com um estabelecimento em particular a ter vaga apenas para depois do dia de Natal. Junto ao rio, outra farmácia dá como exemplo o dia 23 de dezembro — “está completamente cheio”.

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Em declarações à Rádio Observador, Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias, explica que as farmácias “estão a fazer tudo aquilo que é humanamente possível para testar o maior número de pessoas”. Esta quinta-feira, um novo pico foi alcançado face ao número de testes realizados nas farmácias do país: foram mais de 47.500 testes efetuados. Considerando as medidas que entraram em vigor no passado dia 1 de dezembro, Ema Paulino refere ainda que é natural existir “constrangimento ao nível das marcações”, embora exista também um aumento no número de farmácias a testar.