“O que estou a dizer é altamente impopular. Estou sozinho (mas ao lado dos dirigentes do setor do turismo) a defender “o apoio público à TAP. Esta declaração do ministro da Economia terá sido popular para a plateia a que se destinava: o congresso das agências de viagens que se realizou em Aveiro entre 1 e 3 de dezembro. E neste palco, Pedro Siza Vieira não esteve sozinho na defesa manutenção de uma TAP com dimensão significativa porque só assim (e por oposição a uma TAPzinha) se consegue manter o hub em Lisboa e a conetividade de Portugal para os destinos intercontinentais, sem ter de ir a Madrid. O argumento foi usado também pelos dirigentes do setor, como Pedro Costa Ferreira, o presidente da APAVT, mas também pelo Presidente da República na sessão de abertura do congresso.

Marcelo diz que partidos devem clarificar o que querem para a TAP e pede decisão sobre aeroporto em 2022

Para Pedro Siza Vieira, a TAP deve ser vista “como um investimento num ativo estratégico para o país”, lembrando o impacto da perda de outras empresas estratégicas no passado, porque é uma “das empresas mais criticas para o nosso futuro coletivo”. E sem qual não vale a pena ter um aeroporto significativo. Argumentando que foi o crescimento da TAP que puxou pelos outros operadores, o ministro da Economia disse que sem esse crescimento a conetividade intercontinetal não existiria. E não estamos a falar da ligação ponto a ponto na Europa que é assegurada por outras companhias, nomeadamente por empresas low-cost como a Ryanair que é publicamente a maior inimiga das ajudas à TAP.

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Sem manter essa ligação ao mundo, “seremos um aeroporto secundário do hub de Madrid”, afirmou Pedro Siza Vieira. Defendendo que o grande problema de Portugal tem sido a acumulação de défices externos acumulados (que resultam em dívida), o ministro diz que a TAP representa um contributo positivo que permite contrariar esse efeito na balança comercial que chegou a ser de 2% em 2019. E deu exemplos: Sempre que um americano voa na TAP para chegar a Atenas conta com uma exportação. E sempre que um português voa na TAP para o Brasil é menos uma importação.

A lamentável história do aeroporto e os anos que se perderam

Mas para a TAP manter esta capacidade, e mesmo que o polémico plano de apoios seja aprovado, falta preencher outra condição. É uma história “mesmo lamentável” a incapacidade de tomarmos uma decisão sobre a solução aeroportuária para Lisboa. O ministro da Economia defendeu que Lisboa “precisa mesmo de um aeroporto” e lembrou que todas as opções têm vantagens e inconvenientes, mas também sublinhou que o “tempo tem um valor cada vez maior”. E os últimos anos — nos quais se desenvolveu a solução do aeroporto complementar do Montijo — foram “anos perdidos” (o Governo socialista só avançou mesmo com o projeto em 2019) reconheceu Pedro Siza Vieira, em resposta ao presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira durante o congresso da Associação das Agência Portuguesas de Viagens que se termina esta sexta-feira em Aveiro.

Destacando que o sistema político foi incapaz de tomar a decisão, Pedro Siza Veiria diz que não foram apenas duas câmaras a dar parecer negativo à solução Montijo (Seixal e Moita), numa referência à recusa inicial do PSD em mudar a lei que dá poder de veto às autarquias na construção de aeroportos. O ministro da Economia referiu ainda que o primeiro Governo socialista manteve a decisão do anterior Executivo, apesar de enquanto autarca António Costa ter defendido outra solução (Campo de Tiro de Alcochete). E manifestou a expectativa de que uma das vantagens destas eleições seja “clarificar” esta decisão, em linha do que pediu o Presidente da República na sessão de abertura do 46º congresso das agências de viagens. “Espero que sejamos capazes de inverter a situação”.