Os distúrbios junto a Wembley no dia da final do Euro 2020 foram “uma vergonha nacional” para Inglaterra e podiam ter causado ferimentos graves ou até mortes. As conclusões são de um relatório pedido pela Federação Inglesa de Futebol e divulgado esta sexta-feira que, ao longo de 129 páginas, conclui que mais de duas mil pessoas conseguiram entrar no estádio de forma forçada e sem bilhete para assistir ao jogo entre Inglaterra e Itália.

“A final do Euro 2020 foi uma ocasião potencialmente gloriosa a nível nacional que se tornou num dia de vergonha nacional. A nossa equipa de exemplos a seguir chegou à primeira final internacional em 55 anos. Contudo, foram desiludidos por uma horda de vândalos bêbedos, drogados e sem bilhete que escolheram abusar de pessoas inocentes, vulneráveis e debilitadas, assim como de polícias, voluntários e funcionários de Wembley, criando um cenário chocante de desordem e chegando perigosamente perto de colocar vidas em risco”, escreve Louise Casey, a responsável pelo relatório, de acordo com o jornal The Guardian.

Euro2020: Federação inglesa investiga incidentes na final de Wembley

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Ainda assim, e apesar de entregar quase toda a responsabilidade aos próprios autores dos distúrbios, o documento também encontra culpa tanto na Federação Inglesa de Futebol como na polícia, que terá sido demasiado lenta a reagir aos problemas que começaram logo ao início do dia. Ao longo de 17 falhas de segurança, duas mil pessoas conseguiram entrar em Wembley sem bilhete, aproveitando as zonas de acesso de adeptos deficientes, sendo que só 400 foram posteriormente retiradas e expulsas pela segurança.

O relatório acrescenta que, embora seja relevante o facto de tanto a segurança como o staff do estádio estarem limitados devido à pandemia, os responsáveis não souberam reconhecer o verdadeiro significado da final do Europeu e não abordaram de forma rigorosa os possíveis riscos. “Tenho certezas de que a responsabilidade primária por aquilo que correu mal em Wembley naquele dia pertence àqueles que perderam o controlo do seu próprio comportamento e não aos que fizeram o seu melhor mas perderam o controlo da multidão. Ainda assim, existem sempre lições a aprender. Ninguém estava totalmente preparado para o que aconteceu naquele dia e não poderá acontecer novamente”, explica Louise Casey.

No final, a taça fugiu de casa e foi para Roma. E debaixo do braço de Bonucci (a crónica da final do Euro 2020)

Contudo, o documento também ressalva que tudo teria sido pior se Inglaterra tivesse vencido Itália e conquistado o Euro 2020, algo que não aconteceu. “Ainda bem que Inglaterra perdeu. Se tivessem ganhado, teríamos de abrir as portas para deixar sair as pessoas e o estádio teria sido invadido”, garante um funcionário da Autoridade de Segurança dos Recintos Desportivos, com um elemento dos serviços de emergência de Londres a reconhecer que as consequências teriam sido “horríficas” e que as autoridades teriam ficado “de joelhos”.