Um inquérito aos profissionais de saúde estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) conclui que as medidas de prevenção de Covid-19 deram uma sensação de segurança aos funcionários. Um terço dos inquiridos afirmou ter sido infetado pelo novo coronavírus, e dois terços associam a infeção ao desempenho das suas funções nas ERPI.

De acordo com o inquérito do Observatório Social da Fundação “La Caixa” do BPI, os profissionais “consideraram as medidas de Prevenção e Controlo de Infeções de extrema importância para os ajudar a sentir-se mais seguros e reduzir o seu risco de infeção”.

Os auxiliares de ação direta das ERPI relataram que as condições de trabalho pioraram durante a pandemia, devido a aumento substancial de horas de trabalho, “turnos rotativos consecutivos” e “descanso reduzido”.

O distanciamento físico e a utilização de máscaras condicionaram, de acordo com os inquiridos, a comunicação presencial no desempenho do trabalho. Os gestores “consideraram que a comunicação com pessoas fora da instituição foi de pior qualidade do que antes da pandemia”. No entanto, apenas 15% das pessoas envolvidas disseram que este condicionamento teve “um efeito negativo na prestação de cuidados”.

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Os profissionais relataram, segundo o observatório, “perturbações importantes nas suas vidas familiares” e “na vida social”. A “necessidade de evitar espaços públicos e interações sociais”, as mudanças na esfera familiar (refeições e quartos separados) e a diminuição geral no contacto físico foram algumas das situações pelas quais os trabalhadores das ERPI tiveram de passar durante este período pandémico.

A falta de pessoal foi, também, uma dificuldade aumentada pela Covid-19 – os gestores falaram das “dificuldades no recrutamento pela falta de candidatos, baixa qualificação e falta de recursos financeiros”, sendo que alguns candidatos recusaram ofertas de trabalho devido às “condições de trabalho pouco atrativas e o medo da infeção”.

O estudo conclui que “a pandemia de Covid-19 afetou os profissionais das ERPI, tanto na sua vida profissional como pessoal”, e avança que “os auxiliares de ação direta foram os mais afetados em termos de condições de trabalho, mas aqueles que menos relataram uma frequência de emoções negativas e medo”.

O inquérito, “Como é que as medidas de prevenção de Covid-19 afetaram os profissionais das estruturas residenciais para pessoas idosas”, realizado entre março e maio deste ano, contou com uma “amostra de 458 profissionais: 25 enfermeiros, 287 técnicos superiores, 67 gestores e 79 auxiliares de ação direta”, composta na sua maioria por mulheres portuguesas, e registando uma idade média de 41 anos.