O presidente do PSD, Rui Rio, disse este sábado que “é notório que o ministro [Eduardo Cabrita] já devia ter saído” do Governo e destaca que “o primeiro-ministro decidiu mantê-lo”. Para o líder da oposição — que falava em Barcelos à margem do Congresso dos Autarcas Sociais Democratas — ao manter o ministro da Administração Interna nos últimos meses, António Costa “corresponsabilizou-se por todos os dossiers e os erros que foram acontecendo“.

Rui Rio destaca que Eduardo Cabrita “nunca saiu e [agora] não saiu por razões daquilo que era a gestão e os problemas que teve” e “acabou por sair agora, não por isso mas para não prejudicar eleitoralmente o Partido Socialista, a menos de dois meses de eleições”.

Em período de pré-campanha, Rui Rio já subiu o tom e diz que Costa e Cabrita “lá combinaram entre os dois que é melhor sair, senão era um desgaste muito grande para o Governo”. O líder social-democrata atira-se ainda a Francisca Van Dunem, com ironia: “Nestes dois meses que faltam, a lógica é que não é para fazer nada e, olhando ao que ela fez na justiça, que é nada, nada vai fazer na Administração Interna, que acho que é a ideia. Aí, concordo, não vai pôr alguém, quando tem ali alguém que se notabilizou por não fazer nada na justiça.”

Coligação com CDS (e PPM) decidida na terça-feira

Rui Rio disse ainda que uma eventual coligação pré-eleitoral com “CDS e no máximo o PPM” será decidida na “reunião da direção nacional na terça-feira à tarde”. Se for essa a decisão, tem depois de ser ratificada no Conselho Nacional. “Há elementos [da direção] que são a favor, outros não. Está muito dividido. A minha opinião dou na comissão política nacional”, atira o presidente do PSD, que suscitou ele próprio o assunto numa anterior reunião do seu órgão de cúpula, mas houve vários dirigentes que se manifestaram contra.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Direção do PSD ‘chumba’ coligação pré-eleitoral com o CDS

No entanto, com a vitória de Rui Rio nas diretas, a possibilidade de coligação com o CDS voltou a ganhar força. Como a questão nem sequer chegou a ser votada formalmente (na próxima terça-feira vai ser), nem sequer tem de ser revertida. Resta saber se Rio, que parecia um dos entusiastas da ideia (embora agora não o queria admitir publicamente), vai conseguir impor a sua ideia. Esta sexta-feira, em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador, a vice-presidente Isaura Morais — uma das pessoas que vai votar a proposta de coligação na direção do PSD — disse que “por princípio” é “favorável a uma coligação com o CDS”.

O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, tinha sido questionado horas antes e disse apenas que a decisão sobre um eventual acordo pré-eleitoral estará para breve:  “Sobre isso daremos novidades nos próximos dias.”

Sobre o período pós-eleições, Rui Rio voltou a defender que “quem ganhar as eleições sem maioria, tem de conseguir suporte parlamentar. Se não, tem de olhar a diploma a diploma.” Para o presidente do PSD, em Portugal deve ser seguido o exemplo da Alemanha e procurar um acordo mais duradouro para não andar “de eleições de dois em dois anos”.