Mais de um século depois, a Taça Davis passou a ter o nome de Davis Cup Finals mas essa foi a menor de todas as mudanças: no seguimento do contrato assinado entre a Federação Internacional de Ténis e a empresa Kosmos, que tem o jogador do Barcelona Gerard Piqué como um dos principais investidores (naquele que é apenas um dos muitos negócios fora de campo do central catalão), as regras foram alteradas de forma substancial e em 2021, após o adiamento da edição do último ano em virtude da pandemia, havia uma espécie de ano de confirmação para as mexidas competitivas promovidas pela organização.
2002, 2006, 2021 ????????????
RTF are World Champions for the third time! ????#DavisCupFinals #byRakuten pic.twitter.com/LcJjse9frn
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O dinheiro acabou por falar mais alto, estimando-se que o acordo a longo prazo (25 anos) levasse a um investimento por edição acima dos 100 milhões de euros, repartidos entre Federação Internacional de Ténis, federações nacionais e jogadores. Saldo geral de uma fase final jogada em três cidades e países diferentes (Turim, Madrid e Innsbruck)? Muita competitividade no plano desportivo aproveitando o final de temporada, um calendário mais largo de 11 anos para retirar a densidade competitividade dentro do possível, e grande parte dos melhores jogadores de cada país sem poupanças na luta pela vitória final.
Piqué, o catalão que cria tempestades com o que diz e passa entre os pingos da chuva no que faz
As primeiras reações não foram propriamente muito famosas, com o antigo número 1 do circuito ATP Lleyton Hewitt a visar diretamente Gerard Piqué. “Agora passámos a ser dirigidos por um jogador de futebol, isto é quase como se eu saísse e depois viesse pedir para mudarem as regras da Liga dos Campões. É ridículo, ele não sabe nada de ténis, totalmente diferente do futebol”, apontou, numa extensão do então voto contra da Federação da Austrália. Críticas à parte, e mesmo sem o internacional espanhol na estreia por estar limitado de tempo dentro das novas regras impostas por Xavi Hernández, tudo acabou por desenrolar-se dentro do que se esperava e com uma final que prometia muito em Madrid.
RTF move to joint-7th place on the all-time list for most Davis Cup titles! ????
32 – USA ????????
28 – Australia ????????
10 – France ????????
10 – Great Britain ????????
7 – Sweden ????????
6 – Spain ????????
3 – Czech Republic ????????
3 – Germany ????????
3 – RTF ⚪️????????#DavisCupFinals #byRakuten pic.twitter.com/kzTC09OHLi— Davis Cup (@DavisCup) December 5, 2021
De um lado, a Croácia. Vencedora da competição por duas ocasiões, a última em 2018, a equipa balcânica eliminou nas meias-finais a Sérvia de Novak Djokovic (que ganhou o singular mas perdeu depois nos pares) por 2-1, tendo como principal a dupla Nikola Mektic e Mate Pavic, que conseguiram o ponto decisivo depois do triunfo de Borna Gojo sobre Dusan Lajovic e da derrota de Marin Cilic. Do outro, a Federação Russa de Ténis, grande favorita à vitória final após afastar a Alemanha nas meias com os triunfos nos jogos de singulares de dois dos mais cotados em prova, Andrey Rublev e Daniil Medvedev.
The winning line-up ⚪️????????
???? Shamil Tarpischev
???? @DaniilMedwed
???? @AndreyRublev97
???? @AsKaratsev
???? @karenkhachanov
???? Evgeny Donskoy#DavisCupFinals #byRakuten pic.twitter.com/o2rT4Zt9e5— Davis Cup (@DavisCup) December 5, 2021
Sem grandes problemas apesar da boa réplica croata, imperou a lei do mais forte: Andrey Rublev venceu Borna Gojo por 6-4 e 7-6 (7-5) em pouco mais de uma hora e meia, Daniil Medvedev bateu Marin Cilic por 7-6 (9-7) e 6-2 em pouco menos de uma hora e meia e o encontro de pares entre Rublev e Aslan Karatsev e a dupla Nikola Mektic e Mate Pavic serviria apenas para cumprir calendário. Mesmo com o nome de Federação Russa, o país conseguia o terceiro título na Taça Davis quebrando um jejum de 15 anos. No entanto, o último dia voltou a ser marcado pelas críticas feitas a este novo modelo competitivo.
You missed the final? ????
Don’t worry, here is how RTF claimed the glory#DavisCupFinals #byRakuten pic.twitter.com/TEAOyk8o0H
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“O que este jogador de futebol do Barcelona [Gerard Piqué] e mais umas pessoas próximas dele fizeram a comprar isto por muito dinheiro é um desastre. Pergunto, onde está a atmosfera? A Taça Davis é usada como um símbolo do ambiente certo, onde é que ele esteve hoje? Reparem, agora estão já a dizer que querem levar a final para Abu Dhabi, depois daqui a uns três anos seguem para as Américas e isso não tem nada a ver com o que é a Taça Davis. A Taça Davis é para ser jogada pelo seu país, envolve emoções, uma atmosfera diferente e é onde os verdadeiros jogadores mostram mais de si”, apontou Nikola Pilic, antigo jogador croata que liderou a equipa na primeira vitória de sempre na prova no ano de 2005 quando contava no lote de jogadores disponíveis com Goran Ivanisevic, Ivan Ljubicic e Ivo Karlovic.
Madrid, over and out ????#DavisCupFinals #byRakuten pic.twitter.com/ZkaGTsEtw8
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E como uma polémica parece que nunca vem só, Medvedev foi assobiado pelo público em Madrid depois de ter eliminado a Espanha e ter festejado como… Cristiano Ronaldo. “Quando ele jogava no Real Madrid fazia isso quando festejava e por isso agi assim. Senti que era divertido mas talvez tenha sido mal-entendido. Assumo as consequências como sempre o faço”, comentou o jogador russo, que acabou por fazer as “pazes” com os espanhóis este domingo: “Obrigado por me terem apoiado hoje”.
When in Madrid…
'Calmaaa' ????@DaniilMedwed | #DavisCupFinals #byRakuten pic.twitter.com/GHhASMqLOY
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