Morreu o norte-americano Bob Dole, histórico político republicano que foi senador pelo estado do Kansas durante 27 anos e que foi candidato por este partido às eleições presidenciais de 1996, vencidas pelo democrata Bill Clinton.
Bob Dole tinha 98 anos e morreu esta manhã (hora norte-americana, esta tarde em Portugal) enquanto dormia, em sua casa. A informação foi confirmada pela Fundação Elizabeth Dole, que tem o nome da sua mulher (atualmente com 85 anos) e que, na nota em que dava conta da morte, considerou que Bob Dole “serviu fielmente os Estados Unidos da América durante 79 anos”.
Nascido em Russell, no estado do Kansas, em 1923 — ou seja, cinco anos depois do final da I Guerra Mundial e 16 anos antes do início da II Guerra Mundial —, Bob Dole serviu no exército norte-americano e combateu na II Grande Guerra.
Em 1942, com 19 anos, foi enviado para Itália, onde serviu como segundo tenente, e teve aí um acidente quase fatal: atingido por uma metralhadora alemã, perdeu um rim, ficou com o ombro direito destruído e sofreu graves danos no pescoço e na espinha, tendo ficado temporariamente paralisado do pescoço para baixo.
Embora tenha ficado com lesões para o resto da vida — em especial no braço direito e na mão direita —, Bob Dole conseguiu contrariar todas as previsões feitas por especialistas e sobreviveu, tendo recuperado (como lembra a NBC News) grande parte das capacidades motoras após anos de tratamentos. Foi uma recuperação especialmente impressionante dado que, como nota o jornal norte-americano The New York Times, Dole ficou tão gravemente ferido em campo de batalha que foi deixado para trás e considerado como provavelmente morto.
Depois da vida militar, Bob Dole teve uma longa carreira política. A estação norte-americana CNN, por exemplo, descreve-o como “um gigante do Senado”, qualificativo justificado pelo quarto de século que Dole passou como senador e pelo facto de ter sido até 2018 o líder republicano com maior longevidade no Senado (liderou a bancada durante quase 11 anos). Nessa altura, foi ultrapassado pelo senador e agora recordista Mitch McConnell.
Para além do trabalho no Senado, Bob Dole foi, por exemplo, o candidato nomeado pelo Partido Republicano a vice-presidente dos EUA nas eleições de 1976. Porém, o candidato republicano à presidência Gerald Ford — e Presidente dos EUA, já que se recandidatava então a um novo mandato — acabou por perder a eleição para o democrata Jimmy Carter, que escolhera Walter Mondale para vice-presidente.
Bob Dole tentou ainda uma candidatura própria à presidência dos Estados Unidos da América por três vezes, mas só por uma vez — em 1996, quando tinha já 73 anos — conseguiu a nomeação do partido. Nessa eleição, enfrentou o democrata Bill Clinton, Presidente dos EUA desde 1993 que se recandidatava a um segundo mandato, para o qual seria mesmo eleito.
Depois de perder nas presidenciais norte-americanas para Bill Clinton, depois do que o The New York Times descreve como “uma campanha historicamente desastrosa”, Bob Dole deixou a política ativa e enveredou pelo ramo da publicidade, tendo protagonizado anúncios e campanhas televisivas. Paralelamente dedicou parte do tempo a apoiar veteranos de guerra, promovendo e aparecendo em encontros de antigos combatentes e participando em angariações de fundos.
Ao longo das décadas mais recentes Bob Dole vinha tendo vários problemas de saúde, como lembra a CNN: em 1991, altura em que tinha 78 anos, foi submetido a uma cirurgia para debelar um cancro da próstata, dez anos depois (em 2001) foi operado devido a aneurisma da aorta abdominal, em 2005 foi hospitalizado depois de uma queda em casa, em 2009 foi submetido a tratamentos por uma infeção na perna e já em fevereiro deste ano tinha revelado ter iniciado tratamentos para combater um cancro do pulmão. Morreu agora, aos 98 anos.