A Federação Internacional de Ténis, entidade que regula a nível mundoa o ténis, não vai seguir os passos da Associação de Ténis Feminino, que a 1 de dezembro anunciou a suspensão de todos os torneios na China, no seguimento da polémica em torno da tenista Peng Shuai.

A líder do ‘ranking’ mundial da variante de pares esteve três semanas desaparecida, depois de ter acusado um antigo vice-primeiro-ministro chinês de abuso sexual. A Associação de Ténis Feminino (WTA, na sigla inglesa) considerou que as autoridades chinesas não investigaram o caso e não deram garantias de que Peng estava bem.

Mas a Federação Internacional de Ténis (ITF, na sigla inglesa) diz que cancelar torneios seria punir indevidamente o público chinês. “Não queremos castigar mil milhões de pessoas, por isso vamos continuar a organizar lá os nossos eventos júnior no país e os nossos eventos sénior, por enquanto”, disse à BBC David Haggerty, o presidente da ITF.

Os comentários de Haggerty vieram juntar-se a um comunicado da Federação, divulgado na semana passada. “A Federação Internacional de Ténis, como entidade reguladora do ténis, apoia os direitos de todas as mulheres. A nossa principal preocupação é com o bem-estar de Peng Shuai. As alegações feitas por Peng têm de ser investigadas. Vamos continuar a apoiar todos os esforços feitos nesse sentido, tanto publicamente como nos bastidores”, podia ler-se no comunicado.

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O caso de Peng Shuai não está só a causar polémica no mundo desportivo. Na segunda-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China reagiu com firmeza à possibilidade de um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, por parte dos Estados Unidos.

Zhao Lijian afirmou que a China vai tomar “contramedidas firmes”, caso Washington decida avançar com o plano. Um boicote aos Olímpicos de Inverno seria uma “direta provocação política”, disse, na conferência de imprensa diária, sem especificar exatamente como é que a China pretende responder.

Uma decisão sobre o eventual boicote dos Estados Unidos é esperada ainda esta semana.

Depois de uma campanha internacional, que incluiu celeridades do mundo do desporto, os media estatais chineses divulgaram fotografias e vídeos de Peng, alegando que as imagens provavam que a tenista estava bem. No entanto, a WTA considerou estas provas ainda mais preocupantes, levantando a possibilidade de a tenista estar a ser controlada e não ser capaz de falar livremente.

A Associação de Ténis Feminino considerou também insatisfatórias as videochamadas entre Peng e o Comité Olímpico Internacional.