Imagine que os veículos eléctricos podiam recarregar em andamento. Sem fios, sem paragens, sem perdas de tempo e sem terem que montar (e transportar ad eternum) baterias pesadas para assegurar níveis razoáveis de autonomia. É este o potencial do recarregamento dinâmico por indução, solução que mudaria por completo a forma como hoje encaramos a mobilidade eléctrica e utilizamos um BEV.

É precisamente para testar a viabilidade desta tecnologia que a Stellantis se associou a uma série de parceiros na Arena del Futuro. Trata-se de um circuito, em Itália, com 1050 metros de extensão, onde um Fiat 500e e um Iveco E-Way vão dar início aos testes, em condições reais, desta alternativa aos postos de carga.

Enquanto circulam no percurso que foi preparado numa área privada da auto-estrada A35, perto da saída Chiari Oeste, o pequeno citadino italiano e o autocarro vão ser alimentados por indução. Isso só é possível porque este circuito de testes recorre à tecnologia Dynamic Wireless Power Transfer (DWPT), o que significa que sob o alcatrão foram montadas “cablagens eléctricas através de um inovador sistema de curvas”, perfazendo uma potência de 1 MW. E é essa a fonte de alimentação dos veículos enquanto circulam, pois estão ambos equipados com um “receptor” que recebe a energia da estrada e a transfere para a bateria.

Estamos a acelerar o nosso papel na definição da mobilidade do futuro e, neste sentido, a tecnologia DWPT parece-nos estar de acordo com o nosso desejo de oferecer uma resposta concreta às exigências dos clientes. Carregar os veículos enquanto estão em movimento oferece vantagens claras em termos de tempos de carregamento e de dimensão das baterias”, destacou a responsável global pela e-Mobility da Stellantis, Anne-Lise Richard.

Os testes em condições reais correspondem à 3.ª fase do projecto. Mas o 500e e o E-Way preparados para receber carga sem fios (e em andamento) já fizeram “inúmeros quilómetros, com resultados mais do que encorajadores”, avança a Stellantis. Daí que o grupo liderado pelo português Carlos Tavares defenda que esta solução “se perfila como uma das melhores tecnologias candidatas a responder de imediato e de forma concreta às necessidades de descarbonização e de sustentabilidade ambiental no sector da mobilidade”. Certo é que a revista Time considerou a Arena del Futuro uma das 100 invenções mais relevantes de 2021.

Recorde-se que o 4.º maior grupo automóvel mundial, resultante da fusão da PSA com a Fiat Chrysler Automobiles, pretende que mais de 70% dos veículos vendidos na Europa e mais de 40% dos vendidos nos Estados Unidos, até 2030, sejam veículos de baixas emissões. Para tal, a Stellantis tenciona investir, até 2025, mais de 30 mil milhões de euros em electrificação e software.

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