A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta terça-feira, por unanimidade, três votos de pesar pela morte do músico Pedro Gonçalves, contrabaixista dos Dead Combo, banda que se afirmou “com uma sonoridade inspirada na cidade de Lisboa”.

Os votos de pesar pela morte do músico Pedro Gonçalves, que morreu no passado sábado, dia 4 de dezembro, aos 51 anos, em consequência de doença prolongada, foram apresentados pelos grupos municipais do PCP e do Livre e dos dois deputados independentes do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Miguel Graça e Daniela Serralha.

No momento da votação dos votos de pesar, que resultou na aprovação por unanimidade e na realização de um minuto de silêncio, familiares de Pedro Gonçalves estiveram presentes na sala onde decorre a reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.

De acordo com o voto de pesar do PCP, a banda Dead Combo, composta por Pedro Gonçalves e Tó Trips (António Manuel Gonçalves), ao longo das duas últimas décadas “afirmou-se com uma sonoridade inspirada na cidade de Lisboa, tendo editado álbuns como Lusitânia Playboys, Lisboa Mulata, A Bunch of Meninos ou Dead Combo e as cordas da má fama, uma compilação de regravações do seu repertório”.

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Os comunistas referem ainda que “a banda atuou em vários palcos pelo país e foi presença constante e sempre acarinhada em diversas edições da festa do Avante!”, afirmando que os Dead Combo não ficaram só por Portugal: “De França aos Estados Unidos da Aamérica, com Mark Lanegan (Screaming Trees, Queens of the Stone Age) a descrevê-los como uma das melhores bandas de sempre”.

Do grupo municipal do partido Livre, o voto de pesar pela morte de Pedro Gonçalves indica que a banda portuguesa Dead Combo “reinventou musicalmente os sons, os ambientes e as histórias de Lisboa e dos lisboetas, levando-as a todo o mundo”, com influências de “géneros musicais tão distintos quanto o Fado, o Jazz, o Rock, os Blues e música latina e africana”.

Pedro Gonçalves projetou a imagem e o som de Lisboa para o mundo com o seu trabalho enquanto músico. A sua personalidade e incontáveis qualidades deixarão muitas saudades em todos os que com ele travaram contacto. Com ele partilhámos causas que nos são queridas e muitos momentos de camaradagem e de luta por aquilo em que acreditamos. Lembrá-lo-emos como músico brilhante, alfacinha de gema, cidadão inteligente, atento e solidário e ser humano extraordinário que foi”, lê-se no voto de pesar do Livre.

Já o voto de pesar dos dois deputados independentes Miguel Graça e Daniela Serralha, além de destacar o percurso da banda, lembra que “em 2007, por ocasião das eleições autárquicas intercalares em Lisboa, os Dead Combo demonstraram o seu apoio ao movimento Cidadãos por Lisboa oferecendo um concerto no espaço Santiago Alquimista a todos os apoiantes do movimento e demais lisboetas, numa noite memorável que esgotou a lotação daquele espaço”.

“Pedro Gonçalves era, para além da sua carreira musical, uma pessoa com características humanas extraordinárias. Com a pandemia de Covid-19 e perante a constatação de que amigos e colegas profissionais do audiovisual se encontravam a atravessar dificuldades financeiras, Pedro Gonçalves foi um dos fundadores da plataforma de apoio da União Audiovisual, ele próprio recolhendo e distribuindo donativos, organizando espetáculos de recolha de donativos e outras iniciativas que permitiram ajudar já mais de 300 famílias”, apontaram os deputados Miguel Graça e Daniela Serralha.

Além destes três votos de pesar pela morte do músico Pedro Gonçalves, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou, com três abstenções de deputados do BE, um voto de pesar pela morte do jornalista Manuel Andrade Guerra, que morreu aos 75 anos, em 30 de novembro deste ano, “após duas semanas de luta contra a Covid-19 na unidade de cuidados intensivos da ala Covid do Hospital de Santa Maria, em Lisboa”.

“Dead Combo deixam um legado único na música portuguesa”

Apresentado pelo deputado municipal do partido Aliança, Jorge Nuno de Sá, o voto de pesar destaca o percurso profissional de Manuel Andrade Guerra, inclusive que iniciou a sua carreira como jornalista no jornal Diário de Notícias, foi um dos fundadores do matutino O Dia, participou no lançamento do semanário Dez de Junho e era aficionado por tauromaquia: “O jornalismo e o mundo tauromáquico perdem um dos seus maiores e mais respeitados vultos”.