Foi uma polémica que continua a manchar a reputação da Coroa saudita — o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi morto em 2018 no consulado de Riade em Istambul. Esta terça-feira, a polícia francesa deteve um dos alegados envolvidos na morte de um dos principais críticos do regime do país do Médio Oriente.

Khalid Aedh al-Otaibi, ex-membro da Guarda Real saudita de 33 anos, foi detido esta manhã no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, antes de apanhar um voo para a capital saudita, de acordo com a Agence-France Press. Na base da sua detenção esteve um mandado de captura internacional emitido pelas autoridades turcas, que começaram, em 2020, a julgar in absentia [à distância] 26 pessoas, que estarão envolvidas na morte do jornalista.

Em comunicado publicado no final desta terça-feira citado pela Reuters, a embaixada saudita em Paris garantiu que Khalid Aedh al-Otaibi “não tem nada a ver” com o caso em questão, esperando “a sua libertação imediata”.

Esta é a primeira vez que um membro do grupo que terá estrangulado até à morte e desmembrado Jamal Khashoggi é detido, apesar de se acreditar que Khalid Aedh al-Otaibi não terá participado diretamente no homicídio do jornalista saudita. Em vez disso, terá ajudado a livrar-se do cadáver, transportando partes do corpo em sacos.

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O homem de 33 anos, que será próximo do príncipe herdeiro e tê-lo-á acompanhado a uma viagem aos Estados Unidos em 2017, terá agora de responder a um juiz francês, podendo escolher se quer ser extraditado para a Turquia ou se contesta o mandado de captura, sendo colocado sob custódia policial em França.

Jamal Khashoggi, jornalista que escrevia para o The Washington Post, foi assassinado em outubro de 2018 dentro do consulado saudita de Istambul, quando se preparava para ir buscar um documento para poder casar-se com a noiva turca Hatice Gengiz, que já reagiu nas redes sociais à detenção de Khalid Aedh al-Otaibi.

“Saúdo a detenção de um dos assassinos de Jamal. França devia julgá-lo pelo seu crime ou extraditá-lo para um país capaz de investigar o caso”, escreveu na sua conta pessoal do Twitter.

Jamal Khashoggi tornou-se uma voz incómoda dos poderes sauditas. Aliás, um relatório do serviço de inteligência norte-americano revela que o príncipe herdeiro Muhammed bin Salman aprovou a morte do jornalista Jamal Khashoggi, que era visto pela cúpula saudita como uma “ameaça”, sendo que, se necessário, para silenciá-lo, deveriam ser utilizadas “medidas violentas”.

Relatório norte-americano confirma: Príncipe herdeiro saudita aprovou morte de Jamal Khashoggi, que era tido como uma “ameaça”

Notícia atualizada às 22h58 com a posição da embaixada saudita em Paris