O Parlamento britânico anunciou esta quinta-feira que vai formar uma comissão para investigar três festas de Natal, que ocorreram durante o confinamento e na qual terão estado presentes assessores e colaboradores do governo. Em causa, estão três eventos do ano passado: dois ocorreram em Downing Street, a 27 de novembro e a 18 de dezembro, enquanto outro teve lugar nos gabinetes do ministério da Educação a 10 de dezembro.
De acordo com a BBC, a comissão parlamentar vai investigar se as festas quebraram as restrições em vigor em dezembro de 2020. Nessa altura, era permitido que apenas dois agregados familiares se misturassem, sendo que o país tinha saído de um lockdown em novembro, mantendo-se ainda regras muito apertadas.
O deputado conservador Michael Ellis será o responsável por encabeçar a comissão parlamentar, afirmando que o “objetivo […] passa por estabelecer rapidamente um entendimento geral da situação, incluindo quantas pessoas estiveram no local, o ambiente da festa, bem como o seu propósito”.
Michael Ellis garantiu também que, se necessário, “a investigação estabelecerá se uma ação disciplinar individual é justificada”, além de que qualquer comportamento que vá contra as restrições que na altura estiveram em vigor serão “encaminhados à polícia”.
Até esta quarta-feira, o primeiro-ministro inglês assegurou que as normas da Covid-19 foram cumpridas. Contudo, após um vídeo que mostra Allegra Straton, uma das assessoras de Boris Johnson, a gracejar sobre um dos eventos que serão agora investigados: “Esta festa imaginária foi uma reunião de trabalho e não teve distanciamento social”, ironiza, enquanto vai rindo e outro assessor diz que “não foi uma festa, foi vinho e queijo”.
Após a publicação deste vídeo, Boris Johnson pediu “desculpas sem reservas” ao país, reforçando que sempre lhe tinham assegurado “que não houve qualquer festa e que não foram violadas quaisquer regras Covid”, mas acrescentava que também tinha ficado “furioso ao ver as imagens”.
Já Allegra Straton decidiu apresentar a sua demissão, indicando que se vai arrepender “desses comentários para o resto da vida”. “Nunca foi minha intenção quebrar essas regras a que as pessoas tudo faziam por obedecer. Vou arrepender-me desses comentários para o resto da minha vida. As minhas mais sinceras desculpas a todos em casa pelos comentários”, disse, entre lágrimas, numa comunicação ao país.
O Partido Trabalhista já veio pedir a demissão de Boris Johnson, caso se confirme que o primeiro-ministro enganou os deputados, tendo sabido de antemão a gravidade do assunto.