O eurodeputado centrista Nuno Melo acusou esta quinta-feira o líder do CDS-PP de ter colocado o partido numa “posição totalmente humilhante em relação ao PSD, subalterna nas ideias, submissa na estratégia e subserviente nas condições”.

Nuno Melo, que chegou a apresentar uma candidatura à liderança do partido num congresso que a direção de Francisco Rodrigues dos Santos decidiu adiar, utilizou a rede social Facebook para comentar o reflexo da decisão do PSD de se apresentar sozinho a votos nas legislativas de 30 de janeiro, tomada na terça-feira pela Comissão Política dos sociais-democratas.

O deputado europeu argumentou que “a direção do CDS fechou-se na estratégia de uma coligação com o PSD a qualquer preço, que pedinchou com insistência e na qual colocou todas as fichas”, considerando que “nunca houve a preocupação, ou até a previdência, de preparar e motivar o partido para o desígnio sempre natural, que é o de se apresentar a votos em listas próprias”.

Pelo contrario, valeu tudo, mesmo a possibilidade de o CDS acabar engolido numa estratégia de Bloco Central, apenas para que o atual líder e alguns dos apoiantes mais fanáticos acabassem deputados, sem terem de se apresentar a sufrágio diretamente”, acusou.

O eurodeputado alegou que quem tem experiência política “conhece uma regra essencial”, a de que o PSD “só respeita um CDS forte”, para concluir de seguida: “Agindo como agiu, a atual liderança do CDS humilhou o Partido, entregando-o incondicionalmente em todas as intervenções públicas nas mãos do PSD”.

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“Até por isso, aqui chegados, depois da recusa do PSD (que se disse indisponível para um ato de caridade e ‘misericórdia’ face ao CDS — expressões nunca vistas mas ditas por dirigentes sociais-democratas) ver o líder do CDS atacar agora o mesmo Dr. Rui Rio que antes elogiava, e a sua eventual estratégia, que nunca antes criticou, só torna mais tristemente ostensivo tudo quanto acaba de ser dito”, sustentou.

Nuno Melo voltou a atacar Francisco Rodrigues dos Santos, afirmando que “quem fugiu do Congresso por medo, quem se entregou nas mãos do PSD por desespero, quem achou normal apresentar-se a eleições legislativas sem mandato, sem estratégia aprovada e sem Congresso, minou a sua própria credibilidade e arrastou o Partido para uma situação profundamente confrangedora”.

A terminar, o eurodeputado sublinhou que “o CDS não se pode confundir com a atual liderança” e prometeu continuar a bater-se pelo partido e lutar “com todas as forças por um futuro muito melhor”.

No quarta-feira, depois de conhecida a decisão do PSD, Francisco Rodrigues dos Santos colocou também uma mensagem no Facebook para considerar que se trata de “uma oportunidade para o CDS afirmar a única alternativa de direita responsável, aberta a todos os portugueses que querem derrotar o PS”.

“O PSD decidiu estar mais próximo de António Costa do que de Sá Carneiro. Podendo escolher a Aliança Democrática, recusou-a. Respeito a estratégia e saúdo a clarificação”, escreveu o líder centrista, concluindo: “Que fique claro, um voto no CDS não servirá para formar um Bloco Central, nem para viabilizar nenhum arranjinho com a esquerda”.

A Lusa tentou falar esta quinta-feira com o presidente do CDS-PP, mas a sua assessoria de imprensa remeteu as declarações para sexta-feira.