Um sindicato do setor da construção denunciou a alegada “intimidação” de um grupo de trabalhadores imigrantes antes de uma greve marcada para hoje numa obra em curso num resort turístico algarvio, mas a empresa nega tê-lo feito.

A paralisação visa protestar contra a “discriminação” de trabalhadores por alegadamente não verem garantido o seu direito a férias e terem subsídios de férias e Natal em falta, referiu o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (STCCMCS).

Em causa estão trabalhadores da empresa Construções Gabriel A.S. Couto, S.A., a prestar serviço na obra do Ombria Resort, em Loulé, no Algarve, e que foram, segundo um comunicado do sindicato, “intimidados por superiores hierárquicos” para informar sobre a adesão à greve.

Contactada pela Lusa, fonte da empresa recusou “firmemente qualquer insinuação de discriminação ou incumprimento contratual” e “rejeita perentoriamente qualquer insinuação de intimidação a algum trabalhador”, assegurando que esse comportamento não faz parte da sua “forma de atuar”.

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A paralisação, marcada para esta quinta-feira, tem por objetivo “demonstrar indignação perante o facto de um conjunto de trabalhadores, na sua maioria imigrantes a prestar serviço na obra, ser discriminado ao não receber os subsídios de férias e de Natal que lhes são devidos”, referiu o sindicato.

Segundo a mesma fonte, os trabalhadores, “para além de verem cerceado o direito a férias”, são confrontados com a “marcação de faltas” e o “consequente desconto no vencimento” quando usufruem desses dias.

Esta atitude, intimidatória e atentatória por parte da empresa e dos seus representantes na obra, dos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores, vem evidenciar que não são assegurados os direitos básicos consagrados na lei, como é o direito a férias, num setor que tanto se queixa da falta de mão-de-obra”, considerou a estrutura sindical.

A empresa Construções Gabriel A. S. Couto, S.A rejeitou as alegações sindicais e disse ter recebido o aviso de greve com “estupefação e surpresa”, por este se basear “numa infundada queixa de meia dúzia de trabalhadores a laborar numa empreitada da empresa no Algarve”, que “vêm injustificadamente reclamar uma remuneração a que não têm direito”.

“Permitimo-nos cabalmente clarificar que a empresa não tem nenhuma dívida salarial, como, aliás, nunca teve nos seus 72 anos de atividade, e reconhece a importância do direito a férias dos seus trabalhadores, promovendo o seu exercício”, referiu a construtura numa resposta enviada à agência Lusa.

A empresa garantiu que os seus “mais de 400 colaboradores” já “receberam o subsídio de férias e o de Natal”, que foi “pago em simultâneo com o salário de novembro”, e rejeitou ter “qualquer comportamento que prejudique os seus trabalhadores”, criticando a atuação do sindicato.

A mesma fonte assegurou estar “sempre disponível para o diálogo de concertação”, mas mostrou-se “firme nos seus ideais e inabaláveis princípios” para “recusar firmemente qualquer insinuação de discriminação ou incumprimento contratual” feita pela estrutura sindical.

De realçar que nos prontificámos junto do sindicato para disponibilizar os documentos que justificam a nossa posição e prestarmos todos os esclarecimentos que nos foram solicitados. Lamentamos que não tenha havido reciprocidade do propósito de diálogo e resolução de problemas por parte do sindicato”, referiu ainda a empresa.

A construtora considerou ainda que “a manutenção da greve” parece obedecer a uma “lógica não direcionada para a resolução de questões” laborais, mas sim para responder a “outros propósitos que repudia”.