Advogados e ativistas de direitos fundamentais na China disseram à agência France-Presse que foram impedidos de sair de casa pelas autoridades que restringem atividades no Dia Internacional dos Direitos Humanos que se assinala esta sexta-feira.

Após a chegada ao poder do presidente Xi Jinping, a República Popular da China conheceu um assinalável recuo relativo às liberdades e direitos civis.

Centenas de advogados e ativistas defensores de direitos humanos têm sido mantidos sob vigilância ou mesmo detidos.

Wang Quanzhang, advogado e defensor dos Direitos Humanos libertado no ano passado após quatro anos de prisão, disse esta sexta-feira à AFP que a polícia o impediu de sair de casa e que só pode abandonar a residência “em caso de necessidade”.

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A mulher de Wang Quanzhang também foi impedida esta sexta-feirade sair, disse o advogado.

“Fomos informados (pelas autoridades) por dois motivos: a Cimeira sobre a Democracia (promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na quinta-feira e esta sexta-feira) e o Dia Mundial dos Direitos Humanos”, explicou Wang.

A polícia de Pequim não fez comentários sobre as restrições impostas aos defensores de direitos humanos.

O Presidente norte-americano organiza desde quinta-feira, de forma virtual, uma cimeira com mais de 100 países para discutir os riscos que afetam a democracia a nível global.

A República Popular da China não foi convidada para participar no encontro.

Xu Yan, ativista de direitos humanos, casada com o advogado Yu Wensheng que se encontra preso, indicou através da rede social Twitter que um “grupo de indivíduos” a impediu de abrir a porta da rua, tendo-lhe sido ordenado que permaneça dentro de casa durante todo o dia.

Todos os ativistas de Pequim que foram convidados para a receção organizada pela União Europeia para assinalar o Dia Internacional dos Direitos Humanos foram proibidos de sair dos locais de residência.

Trata-se de uma “violação sistemática” dos direitos civis e políticos na República Popular da China, indicou a delegação da União Europeia (UE) no país através de um comunicado difundido esta sexta-feira.

Referindo-se nomeadamente às detenções em grande número de membros das minorias de Xinjiang, a UE pediu à China uma investigação sobre as alegações relacionadas com abusos dos direitos humanos na província do noroeste do país, assim como a libertação imediata de todos os presos políticos.