O primeiro estudo conduzido em contexto real na África do Sul, já com a variante Ómicron disseminada no país, levou a equipa a afirmar que a vacinação completa previne 70% dos internamentos, noticia o jornal sul-africano Times, citando uma conferência de imprensa desta terça-feira. Entretanto, foi também divulgado o comunicado de imprensa.

Ainda que se mantenha um bom nível de proteção, está já abaixo dos mais de 90% de proteção conferidos pela vacina da Pfizer-BioNTech contra a variante Delta naquele país, como lembra o jornal The Washington Post. A África do Sul usa também a vacina da Johnson & Johnson.

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Analisando por faixas etárias, é no grupo dos mais velhos que a eficácia da vacina mais caiu, mas, tal como em Portugal, estes foram o primeiro grupo a ser vacinado e a proteção pode ter diminuído, justifica Mia Malan, editora-chefe da Centro de Jornalismo de Saúde Bhekisisa, numa longa publicação no Twitter.

Assim, segundo as faixas etárias, a proteção contra internamento é: dos 18 aos 29 ano, 92%; 30-39 anos, 75%; 40-49 anos, 82%; 50-59 anos, 74%; 60-69 anos, 67%; 70-79 anos, 59%.

[Na primeira vaga, foram precisos cerca de 50 dias para ultrapassar os 3.000 internamentos. Nesta quarta vaga, bastaram 20 dias a ultrapassar esses valores.]

Os dados preliminares levaram a equipa a considerar que a “severidade da Ómicron é 29% mais baixa” do que a primeira onda com a D614G (que dominou em Portugal em 2020).

Mas, da análise, a equipa também considera que a prevenção contra a infeção concedida pela variante Ómicron caiu de 80% para 33% — ainda assim, 33% menos risco que os não vacinados. São os não vacinados que compõe a maioria dos que precisam de internamento no hospital ou mesmo nas unidades de cuidados intensivos (UCI). Ainda assim, há menos internamentos em UCI.

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O que os especialistas têm visto, ainda com dados muito preliminares, é períodos de incubação mais curtos (3-4 dias), doença menos grave que recupera ao fim de três dias e um maior número de reinfeções (quer entre quem está vacinado, quer entre quem já tinha estado infetado).

As pessoas que já estiveram infetadas com a Delta tem um risco de cerca de 40% de ser reinfetada com a Ómicron, mas para quem teve infetado com a Beta, o risco é de 60%, refere Mia Milan.

[Confirmação de casos (média a sete dias) desde o início da pandemia. É evidente o crescimento exponencial nos últimos 20 dias.]

Os resultados, ainda preliminares, dizem respeito a 211.000 casos positivos de SARS-CoV-2 desde 15 de novembro a 7 de dezembro — dos quais, 41% tomaram as duas doses da Pfizer. Dos positivos, 78.000 são casos suspeitos de Ómicron (mas ainda não confirmados), destacou a agência Reuters.

As crianças continuam a ser um grupo menos casos positivos ou de internamento, comparativamente com os adultos, mas o risco de internamento cresceu 20% em relação à vaga com a D614G.

[Atualmente, a variante Ómicron representa praticamente todos os novos casos positivos sequenciados no país.]

O estudo foi conduzido pela maior seguradora de saúde privava sul-africana Discovery Health, que tem a maior base de dados de saúde do país, e o Conselho de Investigação Médica da África do Sul (SAMRC).

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Atualizado às 16h com os dados do comunicado de imprensa e da publicação no Twitter.