O presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto revelou esta quarta-feira que transita para 2022 uma dívida de 116 mil euros, atribuindo culpa da situação ao anterior autarca, por “decidir sozinho” e “não encontrar soluções”.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, Nuno Cruz, disse ter encontrado uma freguesia “com enormes dificuldades financeiras”, criadas pelo anterior presidente que “decidia sozinho”.

“Encontrei uma junta com o dobro das dívidas do dinheiro que tinha no banco, não tinha quase dinheiro para pagar os subsídios de Natal e ordenados“, revelou, acrescentando que a autarquia tinha 43 mil euros no banco e 80 mil euros em dívida.

Contactado pela Lusa, o antigo presidente daquela união de freguesias, António Fonseca, afirmou que quando tomou posse, em 2013, “tinha uma dívida de mais de um milhão de euros” e que “mesmo com 80% do orçamento para salários” conseguiu pagá-la, acrescentando que antes de abandonar o cargo teve “o cuidado de pagar os salários e gerir isso tudo”.

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Considerando que as acusações feitas pelo atual presidente revelam que o mesmo “não tem perfil para ser autarca”, António Fonseca afirmou que, ou Nuno Cruz “faz prova” das acusações, “ou vai levar com um processo” em tribunal por difamação.

Nuno Cruz referiu que, fruto da gestão do anterior executivo, que encerrou várias valências como creches e infantários, mas manteve os funcionários e os espaços, a união de freguesias tem “um défice mensal de cerca de 16 mil euros” e transita para 2022 “com uma dívida de 116 mil euros”.

“Estou a falar com os credores e tentar explicar que fiquei agora à frente da união de freguesias e que no próximo ano vai entrar o fundo de financiamento a freguesias e vou conseguir cumprir com alguns”, afirmou.

Segundo o presidente daquela união de freguesias do Porto, em causa estão dívidas “de todo o tipo de serviços”, entre as quais a empreiteiros e telecomunicações.

“Não há ordenados em atraso, não há impostos em atraso, mas estou a fazer uma ginástica e pedir aos credores para terem paciência para poder cumprir com os funcionários”, disse, lembrando que, fruto da aglomeração de seis juntas, a autarquia deve ser a com “mais funcionários” do município do Porto, ao totalizar 66 colaboradores.

À Lusa, o ex-presidente, António Fonseca, disse que as acusações “não só põem em causa uma gestão rigorosa” com dificuldade financeira, “como põe em causa o [presidente da Câmara] Dr. Rui Moreira que mandou menos receita para a junta”.

“Ele que não venha com essa história porque leva com um processo, quando a gestão da junta tem contas certificadas”, concluiu Fonseca.

Nuno Cruz afirmou também que “quase 80% do orçamento da junta” são ordenados e que, para “aliviar a carga” que representam, está a tentar fazer com que alguns dos funcionários transitem para juntas de freguesia parceiras ou mesmo para a Câmara do Porto.

Fruto da “nova gestão”, Nuno Cruz disse estar a tentar encontrar parceiros que fiquem com algumas das valências da união de freguesias, como a creche em Carlos Alberto da Vitória e o edifício da antiga junta de freguesia da Vitória.

O intuito é que os parceiros, como Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), possam também ficar com alguns trabalhadores e paguem a renda à junta.

“Abri agora o centro de dia da Vitória porque tendo a funcionária e o espaço não se justificava estar fechado. Se entrar 20, 30 ou 40 euros por mês é dinheiro”, disse, dando também o exemplo dos serviços de lavandaria, que poderão funcionar 24 horas e com moedeiros, tornando-se assim “rentáveis”.

Nuno Cruz denunciou ainda a gestão do antigo executivo, liderado por António Fonseca, acusando-o de “nada ter feito”.

“O antigo presidente não fez nada. Se ninguém propuser numa reunião do executivo não fazer nada, não se faz nada. O senhor achava que o mundo circulava à volta dele e que a Segurança Social um dia ia ter de dar dinheiro, fez um braço de ferro e depois foi um desvincular com a câmara desde 2018”, frisou.

SPYC // JAP

Lusa/Fim