O Senado dos EUA aprovou na terça-feira legislação para elevar o limite da dívida federal, em 2,5 biliões (milhão de milhões) de dólares (2,2 biliões de euros), depois de um acordo entre democratas e republicanos. Esta questão volátil fica assim adiada para depois das eleições de meio mandato.

A votação segundo linhas partidárias, com 50 a favor e 49 contra, foi feita apenas a um dia do prazo limite estabelecido pela secretária do Tesouro, Janet Yellen, que preveniu no mês passado que estava a ficar sem margem de manobra para evitar o primeiro incumprimento na história do país.

A medida segue agora para a Câmara dos Representantes, onde um voto pode ocorrer na noite de quinta-feira, de onde seguirá para a Casa Branca.

“Isto trata-se de pagar dívida acumulada pelos dois partidos, pelo que estou contente por democratas e republicanos estarem juntos”, declarou o chefe da maioria democrata, no Senado, Chuck Schumer, eleito por Nova Iorque, a propósito do acordo, que permitiu aos democratas evitar a manobras republicanas de obstrução.

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Apesar do seu nome, o limite da dívida faz pouco para controlar a subida desta. Criado em 1917, serve como travão a decisões de despesas já aprovadas pelo Congresso e pela Casa Branca — alguma há décadas –, que se não forem pagas poderiam lançar a economia norte-americana em recessão, abalar os mercados mundiais e cortar a confiança nos EUA.

Mas este cenário não impediu os ataques dos republicanos. Durante meses, usaram o limite da dívida para atacar a agenda democrata de fortes investimentos sociais e ambientais, garantindo que se iriam opor a qualquer subida do limite.

Mas, com o acordo agora alcançado, recuaram. Em todo o caso, os democratas assumiram um voto politicamente difícil sem o apoio republicano, ao aumentarem o limite da dívida por um montante significativo, que vai ser usado contra eles em futuros anúncios políticos.

Mas os argumentos dos republicanos ignoram verdades que lhes são inconvenientes.

A dívida federal, de 29 biliões de dólares, em estado a subir desde há décadas.

Do lado da despesa, os principais contributos vêm de programas de despesas sociais, dos juros da dívida e dos recentes pacotes de ajuda e assistência devido à pandemia.

Mas os impostos também, designadamente os cortes decididos pelos presidentes republicanos em décadas recentes.

Só durante a presidência de Donald Trump, a dívida federal subiu 7.8 biliões de dólares, mostram os registos do Departamento do Tesouro.