Os trabalhadores da Efacec, esta quinta-feira reunidos em plenário, reiteraram que “continuam parados, sem trabalho”, e exigiram que “o Estado e o Governo fiscalizem” se o financiamento de 45 milhões de euros à empresa é usado para comprar matéria-prima.

Efacec. Novo financiamento de 45 milhões de euros com garantia pública obtido esta semana

“Os trabalhadores estão e vão continuar a estar atentos. Exigem trabalho, exigem que os 45 milhões de euros recentemente injetados sejam utilizados para a compra de matéria-prima para que a fábrica comece a laborar e exigem que o Estado e o Governo fiscalizem o destino desse dinheiro”, lê-se num comunicado do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte).

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Durante os plenários realizados esta quinta-feira nos polos da Arroteia e da Maia do grupo Efacec, o sindicato diz que os trabalhadores reiteraram “que continuam parados, sem trabalho, e [que] isto está a acontecer, porque não existe matéria-prima, por falta de pagamento aos fornecedores”.

Os trabalhadores — que no último mês realizaram três greves parciais, de duas horas, a 10 e 30 de novembro e a 9 de dezembro — “continuam também a exigir a nacionalização definitiva da Efacec e a demissão da atual administração”, tendo decidido “continuar a luta” por estes objetivos.

A quarta greve, prevista para esta quinta-feira, acabou, contudo, por ser suspensa na sequência da concretização, esta semana, do financiamento bancário de 45 milhões de euros à empresa.

Trabalhadores da Efacec suspendem greve parcial prevista para quinta-feira, revela sindicato

Num comunicado divulgado na passada terça-feira, o sindicato salientava que “esta nova injeção de capital tem de ser devidamente fiscalizada” e que “os trabalhadores têm a expectativa de que o dinheiro, tal como foi dito pelo ministro da Economia, seja realmente para comprar matérias-primas e colocar a fábrica a laborar”.

Garantindo que “estará atento ao destino” deste financiamento, o Site-Norte avisa que “novas formas de luta serão marcadas no caso de o dinheiro não ser utilizado para a compra de matérias-primas”.

Numa declaração enviada à Lusa no dia da última greve, em 9 de dezembro, fonte oficial da Efacec afirmou que “não entende as motivações” das greves, nem “se revê nas acusações de que é alvo, nomeadamente de estar inativa”.

“Uma empresa parada não conquista clientes, não é distinguida com prémios, não é escolhida por centenas de empresas para ser parceira na candidatura a cinco projetos altamente estruturantes para o futuro do país, não investe na criação de uma nova estrutura organizacional, para se tornar mais eficiente, não alcança receitas superiores a centenas de milhões de euros”, sustentou na altura a administração.

A Efacec recebeu esta semana um novo financiamento bancário com garantia pública, de 45 milhões de euros, que o ministro da Economia tinha avançado na passada quinta-feira que devia “estar a chegar”, confirmou na terça-feira à Lusa fonte oficial da empresa.

Garantido pelo Banco de Fomento, o empréstimo foi obtido junto de um sindicato bancário constituído pela CGD, Novo Banco, Millennium BCP e Montepio e visa permitir à empresa manter a operação até conclusão do processo de reprivatização, no âmbito do qual prosseguem as negociações com o único candidato ainda na corrida, o grupo português DST.

O Governo pretende que o processo de reprivatização dos 71,73% do capital social da Efacec atualmente nas mãos do Estado esteja concluído até ao final do ano, sendo que o grupo português DST SGPS foi o único a apresentar uma proposta final de compra, segundo anunciou recentemente a Parpública.

A entrada do Estado na Efacec decorreu da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, da esfera acionista, na sequência do envolvimento no caso Luanda Leaks, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária.