As compras do Banco Central Europeu de títulos de dívida pública estão a atingir recordes no caso de Espanha que é o país da zona euro que mais apoios monetários recebe em percentagem do seu Produto Interno Bruto (PIB). A informação é avançada pelo jornal espanhol El Mundo que cita o instituto alemão de investigação económica ZEW (Leibniz Centre for European Economic Research em inglês).

Segundo os cálculos deste instituto, o BCE detém em dívida espanhola um valor equivalente a 38,44% do PIB do país, ultrapassando outros países muito endividados da zona euro que têm sido destinatários desta ajuda. São os casos de Portugal, onde as aquisições de dívida atingem os 37,53% do produto, e de Itália, com 37,22% do PIB. Os três países, refere o El Mundo, estão bastante acima da média verificada nos 19 países do euro e que é inferior aos 30%.

As contas do ZEW têm como base estimativas oficiais sobre as tendências de operações com dívidas soberanas até setembro. Dados do Tesouro espanhol indicam que o eurosistema já adquiriu 370 mil milhões da dívida do país, mas fontes oficias do BCE citadas pelo El Mundo indicam que as aquisições chegaram aos 473 mil milhões de euros em novembro, somando os programas de resposta à pandemia e o ordinário de compra de ativos públicos.

Os economistas do instituto alemão incidem a análise em países que consideram estar a receber mais apoio do que o limite que corresponde ao seu peso no capital do BCE. Estas dívidas soberanas ficarão mais expostas às dúvidas dos investidores sobre a sustentabilidade das contas públicas com a eliminação anunciada para março do programa de emergência de compra de ativos. No caso de Portugal, o instituto alemão assinala que a dívida adquirida pelo BCE até está subrepresentada por causa dos empréstimos concedidos ao país pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade no quadro do programa de assistência financeira, mas refere que esse efeito está a desaparecer.

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