O secretário-geral da ONU, António Guterres, prestou esta segunda-feira homenagem às vítimas da explosão ocorrida em 2020 no porto de Beirute, no Líbano, expressando solidariedade a todas as famílias que procuram justiça mais de um ano depois do incidente.

A explosão ocorrida em 4 de agosto de 2020, descrita como uma das maiores explosões não nucleares do mundo, provocou a morte de mais de 200 pessoas, fez milhares de feridos e deixou um rasto de destruição na capital libanesa, com danos estimados em vários milhões de dólares.

Debaixo de chuva, Guterres, que iniciou no domingo uma visita de três dias ao Líbano, depositou uma coroa de flores num memorial com os nomes das vítimas erguido no local da explosão.

A explosão foi causada pela detonação de centenas de toneladas de nitrato de amónio armazenadas durante anos num armazém do porto da capital libanesa, aparentemente com o conhecimento de altas autoridades políticas e de outros responsáveis que nada fizeram acerca do assunto.

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Mais de 16 meses depois de o Governo ter lançado uma investigação judicial, quase tudo o resto permanece desconhecido: desde quem ordenou o carregamento até aos motivos pelos quais os funcionários ignoraram repetidamente os avisos de perigo.

As famílias das vítimas têm vindo a pressionar e a exigir respostas pelo sucedido, acusando os partidos políticos de obstruírem a investigação nacional.

Conheço o sofrimento e conheço a vontade das pessoas para saberem a verdade e a vontade do povo para que haja uma responsabilização. Quero expressar a minha muito profunda solidariedade para com todas as vítimas desta tragédia”, vincou Guterres, em declaração à imprensa após reunião com o porta-voz do parlamento, Nabih Berri.

A investigação, liderada pelo juiz Tarek Bitar, tem enfrentado imensos desafios, incluindo críticas de políticos poderosos e processos judiciais de arguidos que questionam a imparcialidade do magistrado.

As divergências sobre o trabalho do juiz paralisaram o Governo libanês, que não se reúne desde 12 de outubro.

O influente grupo xiita libanês Hezbollah e outros dois grupos aliados exigiram que Tarek Bitar fosse substituído.

Em Beirute, Guterres apelou aos líderes políticos libaneses para se unirem, de forma a ultrapassar as múltiplas crises que afetam o país, nomeadamente económica e humanitária.

Mais de metade da população do Líbano, país com cerca de 6,8 milhões de habitantes, vive atualmente abaixo do limiar da pobreza, de acordo com as Nações Unidas.

O secretário-geral da ONU chegou ao Líbano no domingo para uma visita de três dias, com o objetivo de expressar solidariedade com o povo libanês e instou a comunidade internacional a oferecer mais ajuda financeira ao país que precisa de ajuda humanitária.