A passagem do tufão Rai pelas Filipinas, o mais forte a atingir o país este ano, provocou pelo menos 375 mortos e 56 desaparecidos, segundo um novo balanço divulgado esta segunda-feira pela polícia nacional.

Os ventos fortes e chuvas intensas provocaram ainda 500 feridos, de acordo com os números oficiais, citados pelas agências de notícias France-Presse (AFP) e Associated Press (AP).

As autoridades admitiram que o balanço de vítimas pode aumentar, porque várias cidades e aldeias continuavam esta segunda-feira isoladas devido a falhas de comunicações e cortes de energia, embora estivessem em curso esforços de limpeza e reparação. O tufão devastou áreas inteiras onde os sobreviventes precisam urgentemente de água limpa e alimentos, disseram as autoridades.

Mais de 400.000 pessoas foram deslocadas para abrigos, depois de terem sido obrigadas a fugir das suas casas e áreas costeiras quando o Rai passou no arquipélago, entre quinta e sexta-feira.

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No seu ponto mais forte ao passar pelas Filipinas, o Rai apresentou ventos constantes de 195 quilómetros por hora (km/h), cm rajadas de até 270 km/h, sendo considerado um “supertufão”. Muitas das vítimas foram mortas pela queda de árvores e desmoronamento de muros, inundações repentinas e deslizamentos de terras.

Mais de 700.000 pessoas foram afetadas nas províncias das ilhas centrais, e milhares de residentes foram resgatados de cidades e aldeias inundadas, muitos dos quais se refugiram nos telhados para não serem arrastadas pelas águas.

Os navios da guarda costeira transportaram 29 turistas norte-americanos, britânicos, canadianos, suíços, russos e chineses que ficaram retidos na ilha de Siargao, um destino de surf popular que foi devastado pelo tufão, disseram as autoridades.

As equipas de emergência estavam a tentar retomar o fornecimento de eletricidade em 227 cidades e vilas, mas a energia só tinha sido restaurada hoje em apenas 21 áreas, informaram as autoridades. Os sistemas de comunicações via telemóveis em mais de 130 cidades e vilas foram cortados pelo tufão, mas pelo menos 106 tinham sido reativados até esta segunda-feira.

Dois aeroportos locais continuavam fechados esta segunda-feira, exceto para voos de emergência, mas reabriram os outros que tinham sido afetados, disse a agência de aviação civil.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, viajou para a região no sábado e prometeu 40 milhões de dólares (cerca de 35 milhões de euros) em ajuda.

Depois de passar nas Filipinas, o Rai entrou no Mar do Sul da China e perdeu força, passando de “supertufão” a um “ciclone tropical severo”, segundo os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) de Macau, que içaram esta segunda-feira o sinal 1 de alerta de tempestade tropical.

Macau emite sinal 1 para ciclone tropical severo Rai

Esta é a primeira vez desde 1974 que é içado um sinal de tempestade tropical em Macau em dezembro. O Rai ocorreu particularmente tarde para a habitual época de tufões, em que a maioria das tempestades tropicais se formam no Oceano Pacífico entre julho e outubro.

Os SMG de Macau admitiram a possibilidade de vir a ser içado o sinal 3 de alerta. A escala de alerta de tempestades tropicais na região é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, emitidos tendo em conta a proximidade da tempestade e a intensidade dos ventos.

As mortes e os danos generalizados deixados pelo tufão antes do Natal naquela nação, maioritariamente católica, trouxeram de volta memórias da catástrofe infligida por outro tufão, o Haiyan, um dos mais poderosos já registados. Atingiu muitas das províncias centrais que foram afetadas na semana passada, vitimando mortalmente mais de 6.300 pessoas em novembro de 2013.

O Papa Francisco expressou no domingo a sua solidariedade com o povo das Filipinas, referindo-se ao tufão “que destruiu muitas casas”.

Cerca de 20 tempestades e tufões assolam as Filipinas todos os anos. O arquipélago também se encontra ao longo da região do “Anel de Fogo” do Pacífico, tornando-o um dos países mais suscetíveis a calamidades naturais.