Para se entender quão especial é cada garrafa de Esporão Private Selection é preciso, primeiro, recuar a 1987. Nesse ano, em que o Futebol Clube do Porto ganha a primeira Taça dos Campeões Europeus e Whitney Houston arrebata as pistas de dança com “I Wanna Dance With Somebody”, o Esporão faz, pela primeira vez, a vindima em adega própria e lança um vinho inédito, a que chama “Garrafeira” e que resulta da escolha das melhores barricas de Esporão Reserva.

Esse vinho – cujo primeiro rótulo é ilustrado pelo artista plástico Júlio Pomar – viria a dar origem à gama Private Selection. A designação surge em 1999, altura em que passa a ter origem numa seleção dos melhores talhões da Herdade do Esporão e a ser produzido na nova adega para vinhos de topo, com lagares pequenos.

Conforme passam os anos e se aprofunda o conhecimento dos responsáveis do Esporão sobre os seus territórios no Alentejo, bem como a melhor forma de tirar partido das suas vinhas, os vinhos Private Selection vão, consequentemente, sendo aprimorados. Cada edição marca a diferença no respetivo ano. Quando este é de exceção, ganha a designação Torre do Esporão.

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Eis-nos, então, chegados a 2021. O Private Selection que acaba de ser lançado, com rótulo ilustrado por António Poppe, é o da colheita de 2016, um ano com uma primavera mais fresca e húmida do que o habitual, que proporcionou uma maturação mais lenta da fruta, que teve excelente qualidade.

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Pela primeira vez, a gama Private Selection junta uvas de três territórios diferentes. À Herdade do Esporão e à Herdade dos Perdigões, também em Reguengos de Monsaraz, junta-se pela primeira  vez a propriedade dos Lavradores, em Portalegre.

Da casa-mãe chegam as uvas que dão a base de identidade ao vinho, uma estrutura e intensidade marcantes: Touriga Franca da vinha do Rochedo e Aragonez da vinha do Canto do Zé Cruz, ambas plantadas em solos graníticos com transição para xisto.

Da vizinha Herdade dos Perdigões, que fica a apenas 5 quilómetros, juntam-se as uvas Alicante Bouschet da vinha das Palmeiras, que tem solos argilosos e profundos. Nelas, o vinho vai buscar a textura, notas de fruta madura e até alguma compota.

A novidade são as uvas da propriedade dos Lavradores, que fica em Portalegre, a 400 metros de altitude, numa zona mais fresca e mais húmida do que Reguengos de Monsaraz. A vinha do Machuguinho, de onde vêm as uvas – também da casta Alicante Bouschet – caracteriza-se pelos solos graníticos, abertos e com maior disponibilidade de água. Esse terroir dá longevidade e vitalidade ao vinho.

As riqueza das suas três origens e o tempo de estágio – 18 meses em barricas e balseiros e dois anos em garrafa – tornam este Private Selection um vinho único, completo, com várias camadas de textura, intensidade e vitalidade para ir descobrindo e apreciando a cada brinde, a cada gole. Com o tempo que as coisas boas da vida merecem.