O défice das administrações públicas caiu para 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que termina em setembro, à boleia da diminuição gradual das restrições no terceiro trimestre, entre julho e setembro, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo informação revelada esta quinta-feira, o saldo do setor das administrações públicas aumentou 2 pontos percentuais até setembro, representando uma necessidade de financiamento de 3,9% do PIB. A redução do défice foi o resultado “de um aumento da receita (4,1%), em particular da receita de capital, refletindo a referida devolução da margem sobre os empréstimos concedidos ao Estado Português no âmbito do PAEF [Programa de Assistência Económica e Financeira] e uma diminuição da despesa (-0,4%).”
A meta do Governo do défice para o total do ano é de 4,3%, mas o ministro das Finanças, João Leão, já disse, em entrevista à Reuters, acreditar que possa ficar “ligeiramente abaixo”, tendo em conta a “informação mais recente” do Governo, “que já é bastante robusta”. O Ministério das Finanças vai dar mais informação sobre estas metas esta quinta-feira.
Leão admite défice “ligeiramente abaixo” da meta de 4,3% este ano
O INE destaca que a despesa corrente aumentou 0,5%, enquanto a despesa de capital diminuído 9,6%, fruto dos “efeitos combinados do aumento do investimento em 6% e da redução da outra despesa de capital em 29,7%”. “Refira-se que a redução das transferências de capital pagas reflete um efeito de base devido ao registo no 3.º homólogo do apoio financeiro do Estado à TAP, S.A.”, nota o INE.
Já a despesa com subsídios registou um decréscimo de 8% “refletindo em grande medida o impacto de medidas de apoio às empresas no contexto da pandemia COVID-19”.
Terceiro trimestre trouxe excedente orçamental
Se apenas tivermos em conta o terceiro trimestre do ano, o país registou um excedente de 3,5% do Produto Interno Bruto, depois de um défice de 4,2% no período homólogo. “Tomando como referência valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP no 3º trimestre de 2021 atingiu o valor positivo de 1 904,1 milhões de euros, correspondentes a 3,5% do PIB, o que compara com -4,2% no período homólogo”, lê-se.
O INE explica, no entanto, que este resultado é influenciado pelo registo da “transferência de capital recebida, o reembolso da margem pré-paga e respetivos juros de aplicação, no montante de 1 114,2 milhões de euros retida aquando da concessão do empréstimo, pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira ao Estado Português”.
Taxa de poupança cai ligeiramente
No terceiro trimestre, a capacidade de financiamento das famílias caiu 0,5 pontos percentuais, para 4,9% do PIB, enquanto a taxa de poupança reduziu ligeiramente: fixou-se em 11,3% (11,7% no trimestre anterior), o que reflete o crescimento de 1,2% do consumo privado (+4,5% no trimestre anterior), acima do aumento do rendimento disponível (0,8%), explica o INE.
O rendimento disponível bruto das famílias ajustado per capita fixou-se em 16,8 mil euros até setembro, o que representou um aumento de 1,0% face ao trimestre anterior.