Continuam agendadas várias festas com milhares de pessoas para a passagem de ano classificadas como eventos culturais, enquanto as discotecas e bares terão de fechar a partir do Natal. E as as regras saídas do último Conselho de Ministros não o impedem.

No Conselho de Ministros de terça-feira, o Governo estabeleceu que, nos dias 24, 25, 30 e 31 de dezembro e 1 de janeiro, é obrigatório apresentar um teste negativo no acesso a restaurantes, casinos e festas de passagem de ano. Ficam ainda proibidos os ajuntamentos de mais de 10 pessoas na via pública na passagem de ano, assim como a proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública. Além disso, a partir de 25 de dezembro, fecham as discotecas e os bares e é necessário um teste negativo no acesso a espetáculos culturais.

As regras não impedem, desta forma, a realização de festas em grandes recintos, hotéis, pavilhões, casinos e salas de espetáculos com pista de dança. E é isso que vai acontecer numa festa no Porto e três em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, no pavilhão Carlos Lopes e na FIL.

Segundo o Jornal de Notícias, a FIL, com 3.800 metros quadrados, tem capacidade para 3.500 pessoas. Num dos pavilhões vai receber uma festa de música eletrónica com cinco DJ, sem jantar.

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Mas há outros: está agendada uma festa para o Pavilhão Carlos Lopes, no centro de Lisboa, que vai juntar três mil pessoas, neste caso com jantar (a entrada custa 125 euros). A festa vai juntar as Nonstop, Edmundo Vieira (ex-Dzrt), o DJ Gonçalo Ferro. A organização sublinha que “eventos culturais podem acontecer apresentando teste negativo”. Só as festas que ocorram fora de espaços culturais precisam de parecer da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Já para a festa no Coliseu dos Recreios promete-se uma noite longa até às seis da manhã. Há vários tipos de bilhete, de diferentes preços e experiências. Um deles permite passar a meia-noite no palco ou meia hora perto do DJ. Os bilhetes ainda estão à venda. Para quem não tem um este negativo PCR ou um antigénio feito nas 48 horas anteriores, a organização assegura a testagem no dia 30 de dezembro, das 10h00 às 21h00, com um custo de cinco euros, ou no dia 31, entre as 9h00 e as 21h00, por 12 euros. Segundo o jornal Inevitável, o evento está a causar desconforto junto dos empresários das discotecas, que terão de ter os seus espaços fechados.

Também a norte, prepara-se o reveillón na Alfândega do Porto, um espaço com capacidade para 2.000 pessoas que vai ter vários DJ’s. Aqui também há várias opções de bilhete, com e sem jantar. Nenhum destes espaços está a violar as regras da DGS. Só os espetáculos fora de espaços culturais é que precisam de um parecer das autoridades sanitárias.

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Na terça-feira, António Costa foi confrontado com a contradição de fechar discotecas e bares mas permitir grandes eventos de passagem de ano acontecer. Disse que “já há um conjunto de iniciativas contratadas, já há pagamentos e o impacto seria brutal do ponto de vista das famílias e também do ponto de vista económico”. Ainda assim, apelou a que as pessoas não participem nas festas, mas se o fizerem têm de ter um teste negativo.

Também Marta Temido, ministra da Saúde, foi questionada sobre o tema numa entrevista à RTP. Reconheceu que “muitas decisões” que têm sido tomadas  “por vezes podem soar contraditórias”, mas pede que neste momento se “evitem contactos mais do que nos focarmos nas contradições entre as medidas”.