Memphis Depay, custo zero. Éric Garcia, custo zero. Kun Agüero, custo zero. O mercado de verão foi mais modesto do que o habitual na Catalunha, com o Barcelona em versão low cost a trocar o pagamento de transferências pela liquidação de prémios de assinatura para tentar reforçar o plantel. E ainda houve alguns episódios quase caricatos pelo meio, como a necessidade de alguns jogadores como os capitães Busquets, Piqué ou Jordi Alba terem de baixar o vencimento para que a contratação do avançado argentino fosse aceite na Liga espanhola ou a “loucura” de telefonemas no último dia para assegurar mais um dianteiro sem custos que, falhadas as hipóteses Cavani, João Félix ou Bakambu, acabou por ser Luuk de Jong, do Sevilha.

As limitações orçamentais e o peso dos custos em comparação com as receitas remodelou por completo e de forma obrigatória a abordagem dos blaugrana ao mercado. No entanto, e por obra e graça de um movimento ainda não entendido, a janela de janeiro promete trazer uma realidade bem distinta. E se antigamente a ideia era olhar apenas para o custo zero, agora a possibilidade de colocar uns zeros à direita em todas as ofertas apresentadas ganhou dimensão, surgindo Ferran Torres como exemplo paradigmático disso mesmo.

O internacional espanhol já é dado como certo em Camp Nou no início do ano e por valores que se julgavam impensáveis perante o contexto catalão. Segundo a Marca, a primeira oferta pelo passe do avançado foi de 40 milhões de euros, com o Manchester City a subir a fasquia para os 70 milhões. As negociações prosseguiram e existirá um acordo em vias de ser assinado a meio termo: os culés pagam 55 milhões de euros em quatro prestações, sendo que a primeira está prevista apenas para o verão de 2022, e haverá ainda mais dez milhões de cláusulas por objetivos como realizar 70% dos jogos na Liga dos Campeões (um cenário que em 2022/23 está em risco), ganhar a Bola de Ouro e a Bota de Ouro ou ser vendido acima dos 100 milhões.

“Sei que os dois clubes estão a negociar e que o acordo está perto. Mas ainda não é oficial, ainda não foi nada oficializado. Quando o clube o anunciar, aí sim, estará feito. Motivo para a saída? Quero que os jogadores sejam felizes. O Ferran [Torres] é de Espanha, o Barcelona quer contratá-lo, ele disse que queria ir para o Barcelona e eu disse-lhe que podia sair”, resumiu Pep Guardiola, ex-técnico do Barça que lidera o City.

No entanto, as operações ponderadas por Joan Laporta estão longe de ficar pelo ex-avançado do Valencia (que vai ganhar mais de cinco milhões de euros com a operação de Ferran Torres, entre a percentagem dos direitos económicos que tinha numa venda e os mecanismos de solidariedade) e, de acordo com o Eurosport, há interesse do Barcelona por mais três jogadores do Manchester City: João Cancelo, Raheem Sterling e Bernardo Silva. Três jogadores que muito dificilmente deverão sair… a não ser o avançado inglês.

João Cancelo tornou-se o lateral “favorito” de Guardiola, à direita ou à esquerda, e é um dos jogadores que o técnico já referiu e reforçou por mais do que uma vez que se tornou essencial na equipa. O mesmo se aplica a Bernardo Silva, médio ofensivo que no início da temporada chegou a ser dado como transferível dentro das opções que os citizens tinham na equipa para a posição mas que se tornou indispensável para o treinador espanhol, que já considerou mesmo o esquerdino “o melhor jogador da Premier League”. Depois, e no caso de Sterling, a questão pode ser diferente. Apesar de ter jogado mais nos últimos tempos, o avançado não tem a preponderância que já teve e acaba contrato em 2023, pelo que, garantindo um reforço para um ataque que já ficará sem Ferran Torres, poderia sair. Por quanto e com que dinheiro, ninguém percebeu ainda…

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