Estátuas de Jesus destruídas e efígies do Pai Natal queimadas estão entre as consequências de uma onda de violência contra a comunidade cristã da Índia, acentuada pelo Natal. Grupos nacionalistas hindu alegam que os cristãos estão a aproveitar a época natalícia para convencer hindus a converterem-se ao Cristianismo. 

“Com a chegada de dezembro, os missionários cristãos tornam-se ativos em nome do Natal, do Pai Natal e do Ano Novo. Eles atraem crianças com o mote de que Pai Natal lhes dá presentes, o que as atrai para o Cristianismo”, acusou Ajju Chauhan, secretário da organização Bajrang Dal, citado pelo The Hindu.

Avtar Singh Gill, outro membro do grupo, reiterou que estão “de olho nos missionários” e que, se acharem necessário, “agiriam estritamente contra eles”, reforçou ao mesmo jornal.

No estado de Assam, dois manifestantes cobertos de açafrão – a cor característica do nacionalismo hindu – invadiram uma igreja na noite de Natal e interromperam as celebrações, exigindo que todos os hindus saíssem daquele espaço. “Somos contra a participação de meninos e meninas hindus nas celebrações de Natal … isso fere os nossos sentimentos. Como é que a nossa religião vai sobreviver? ”, descreveu o The Guardian, acrescentando que os dois homens acabaram por ser presos.

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Noutro estado, em Haryana, no dia depois do Natal, uma igreja foi vandalizada e, em Uttar Pradesh, um grupo de hindus gritou frases como “murdabad” missionário, que significa “morte aos missionários”, num evento natalício.

O padre Anand explicou aos média locais  que os protestos são “um símbolo” do crescimento dos movimentos anti-cristãos na Índia. “Todos os domingos são dias de terror para os cristãos”, sublinhou.

A intolerância religiosa contra as minorias não hindus da Índia são consequência do governo do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP). De acordo com um relatório da organização Persecution Relief, os crimes contra os cristãos aumentaram 60% de 2016 a 2019. Outro relatório nota ainda que houve mais de 300 ataques registados contra cristãos em toda a Índia nos primeiros nove meses de 2021.