O secretário-geral do PCP recusou esta segunda-feira o “estigma” em relação ao bairro da Cova da Moura, considerando que é preciso “tirar essa carga”, e defendeu que as questões sociais ultrapassam-se “resolvendo os problemas das pessoas”.

Jerónimo de Sousa visitou esta segunda-feira aquele bairro do concelho da Amadora, distrito de Lisboa, e esteve reunido com a Associação Cultural Moinho da Juventude.

Naturalmente existem aqui problemas sociais, é um facto, mas eles resolvem-se resolvendo os problemas das pessoas“, salientou, em declarações aos jornalistas no final da visita.

Apontando que “muitas vezes” existe “um estigma em relação às pessoas”, o líder comunista considerou que “hoje existe já um estigma em relação aos territórios, e no caso concreto aqui neste território, com todas as consequências que isso tem“.

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Quisemos com esta visita, com caráter simbólico, demonstrar que não estamos aqui num bairro onde é impossível ir ou estar. Não, é preciso de facto tirar essa carga que atualmente existe porque a terra da Cova da Moura tem que ser considerada e respeitada, tendo em conta que existem aqui seres humanos”, realçou.

Assinalando que os dirigentes da associação lhe transmitiram que aquelas pessoas trabalham mas empobrecem, Jerónimo de Sousa afirmou que “isto resulta dos vínculos precários, resulta dos salários baixos, do trabalho temporário, de falta de condições que afetam esta população“, que estão agarradas “ao teto que têm porque sabem que não lhe deram alternativa”.

“E hoje, as questões da habitação tantas vezes baladas, tantas vezes faladas, muitas vezes não se passa para os concretos, com todas as consequências sociais que existem”, criticou também.

Também em declarações aos jornalistas, Flávio Almada, coordenador-geral da Associação Cultural Moinho da Juventude afirmou que teve oportunidade de transmitir ao PCP alguns dos problemas que afetam a comunidade.

O dirigente salientou também que as pessoas da Cova da Moura reconhecem “o papel” do PCP no que toca à “manutenção e preservação do bairro”, contra a sua demolição.