Sarah Weddington, a advogada do Texas que aos 26 anos defendeu com sucesso o caso histórico do direito ao aborto (Roe vs. Wade) perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos morreu no domingo, aos 76 anos.

Susan Hays, antiga estudante e colega de Weddington, disse que advogada morreu durante o sono na manhã de domingo, na sua casa em Austin.

A sua saúde estava debilitada há algum tempo e não ficou claro qual foi a causa da sua morte, disse Hays à Associated Press (AP).

Criada como filha de um pastor na cidade de Abilene, no oeste do Texas, Weddington estudou direito na Universidade do Texas. Alguns anos depois de se formar, ela e uma antiga colega de turma, Linda Coffee, entraram com uma ação em nome de uma mulher grávida que desafiava a lei estadual que proibia em grande parte a interrupção voluntária da gravidez.

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O caso de “Jane Roe”, cujo nome verdadeiro era Norma McCorvey, foi movido contra o promotor distrital do condado de Dallas, Henry Wade, e finalmente levado ao Supremo Tribunal.

Weddington defendeu o caso por duas vezes no tribunal, em dezembro de 1971 e novamente em outubro de 1972, resultando no ano seguinte na decisão 7-2 que legalizou o aborto em todo o país.

A morte de Weddington acontece quando o Supremo está a analisar um caso sobre a proibição do aborto no Mississipi após 15 semanas de gravidez, que é amplamente considerado o desafio mais sério à interrupção voluntária da gravidez nos Estados Unidos desde a decisão de Roe.

Enquanto o caso decorria no tribunal, Sarah Weddington também concorreu para representar Austin na Câmara dos Representantes do Texas. Foi eleita em 1972 e cumpriu três mandatos como legisladora estadual antes de se tornar conselheira-geral do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos e, mais tarde, trabalhar como consultora para questões femininas do presidente Jimmy Carter.

Mais tarde, Weddington escreveu um livre sobre Roe v. Wade, deu palestras e ministrou cursos na Universidade do Texas, em Austin, e na Texas Women’s University sobre liderança, lei e discriminação de género. Permaneceu ativa nos mundos político e jurídico até aos últimos anos, participando em 2019 na cerimónia de assinatura para uma lei do Estado de Nova Iorque que visa salvaguardar os direitos ao aborto caso Roe v. Wade seja alterado.