Rui Rio garante não ter qualquer “simpatia” por André Ventura e reitera que não está disponível para acomodar a agenda do Chega mesmo que isso signifique perder uma hipótese de formar governo.
Em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Anabela Neves, o líder social-democrata é desafiado a dizer que se nutre alguma “simpatia” por André Ventura e pelo Chega. Na resposta, Rio corta a eito: “Não, não tenho.”
Na mesma sequência, instado a responder ao dilema — fará qualquer coisa, se necessário, para conseguir uma maioria direita –, o líder social-democrata mantém: “Ninguém pode ter medo que vá aceitar o que quer que seja, de qualquer partido, de qualquer interesse, contra aquilo que são os princípios fundamentais da liberdade, do estado de Direito, da solidariedade, do respeito pelas minorias.”
Ainda sobre o Chega, Rio explicou que não está a tentar seduzir o eleitorado que vota em Ventura — isto depois de ter sido acusado pelos seus adversários de estar a tentar fazê-lo ao denunciar aquilo que diz ser uma cultura de subsidiodependência ou por ter usado a frase “Portugal pode voltar a ser grande” no discurso de encerramento do 39º Congresso do PSD.
“Não quero eleitorado do Chega, porque o Chega teve um vírgula poucos por cento. É uma coisa mínima”, despachou Rio. “Quero é manter o eleitorado que é do PSD no PSD e não a fugir para a extrema-direita.”
A questão da governabilidade acabou por marcar, naturalmente, a entrevista do líder social-democrata, que tem tentando obrigar o PS a dizer se está ou não disposto a viabilizar um governo minoritário se ficar em segundo lugar. Desta vez, Rio não deu esse passo, mas voltou a manifestar total disponibilidade para negociar.
“Não havendo uma maioria absoluta, todos devem estar disponíveis para negociar. Daqui a mesma coisa: em função daquilo que for negociado, há o que considero absolutamente indispensável para poder estar e depois há outras questões mais laterais que tenho de perceber que é uma negociação – não é o que eu quero, é o que é possível.”