O Infarmed deu autorização à empresa Crioestaminal para que seja iniciado um tratamento experimental, feito a partir de células estaminais do cordão umbilical, que ajude a tratar os doentes mais graves de Covid-19 e que consiga reduzir a inflamação excessiva que pode levar à morte. O jornal Público noticia que o medicamento não tem autorização para ser vendido, mas pode chegar aos hospitais, através do procedimento da isenção hospitalar.

Francisco Santos, diretor de terapias celulares da Crioestaminal, explicou que a investigação deste tratamento começou na China e foi mais tarde replicada na Europa e nos EUA pelo facto de, com a chegada da pandemia, não haver “muita solução terapêutica”. Em causa está uma terapia que “usa as células mesenquimais, também chamadas MSC”.

“Quando são injetadas no nosso organismo, as células mesenquimais fazem baixar a hiperinflamação porque reagem àquele ambiente através da produção de proteínas, de interações diretas com células do sistema imunitário”, explicou Francisco Santos, que antecipa a existência de “resultados bastante encorajadores”.

O responsável realçou que este tipo de terapia não é uma novidade e já vem sendo utilizada em contexto experimental há alguns anos, havendo agora autorização em Portugal para ser usada contra a Covid-19.

“Verificou-se que estas células conseguiam reverter os cenários de hiperinflamação e bastantes doentes recuperaram”, afirmou, frisando ainda que uma das maiores vantagens deste tratamento é não haver necessidade de “compatibilidade biológica entre as células e o doente recetor”, ao contrário de uma transplantação ou de uma transfusão de sangue. “Neste caso não. Estas células são hipoimunogénicas, não desencadeiam uma reação imunitária no recetor.”

Outra vantagem é a rapidez com que o medicamento pode chegar ao doente. “A pessoa não tem de ficar à espera que o medicamento seja produzido ao contrário, por exemplo, do que acontece com a terapia das células CAR-T, que é talvez o conceito hoje mais conhecido de terapia celular.” Nesses casos pode demorar quatro ou cinco semanas e as células mesenquimais podem ser equiparadas “a tomar um comprimido”.

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