Uma “avalanche” de testes com os laboratórios a “rebentar pelas costuras“. Este foi cenário descrito ao Observador por Luís Menezes, diretor executivo da Unilabs, e o médico Germano de Sousa. Com um “volume muito grande de pessoas” a testar-se, o prazo de testes PCR pode mesmo chegar às 48 horas — o que quer dizer que, se fizer o despiste à Covid-19 esta quinta-feira à tarde, pode apenas saber o resultado em 2022.
De acordo com Luís Menezes, a Unilabs tem conseguido dado resposta a “quase todos os resultados” num período abaixo de 24 horas, mas há alguns que ultrapassam esse prazo, podendo mesmo chegar a 48 horas. No entanto, o laboratório tem informado “devidamente” as pessoas que se decidem testar. “Não podemos, nesta fase do campeonato, fazer milagres, por isso quem fizer o teste PCR esta quinta-feira sabe e está informado de que o resultado pode ser entregue até 48 horas.”
“Quem fizer teste PCR hoje pode não receber o resultado amanhã”
Também Germano de Sousa, que gere laboratórios de análises clínicas com o mesmo nome, admite que os resultados podem chegar 48 horas depois do despiste à Covid-19, mas realça que “não há nenhuma estrutura que consiga aguentar” uma “avalanche” de testes.
Os dois laboratórios têm feito, nos últimos dias, uma média de 12.500 testes PCR em 24 horas, enquanto na semana antes do Natal se faziam, na Unilabs, cerca de seis mil testes diariamente — ou seja, o número de despistes mais do que duplicou num curto espaço de tempo.
Como consequência, quer a Unilabs, quer a Germano de Sousa têm profissionais a trabalhar durante 24 horas. Além disso, Germano de Sousa garante que as equipas foram “reforçadas” e que se foram “buscar elementos” a outros serviços, como a de biologia molecular ou de análises clínicas. Luís Menezes realça ainda uma “luta muito grande”. Todos os dias, cerca de 10 a 15 funcionários testam positivo à Covid-19, sinaliza, o que obriga a reforçar equipas para “não haver disrupções” nos serviços.
Quanto aos testes de antigénio, Germano de Sousa assegura uma resposta em tempo útil — no “máximo em quatro horas”. Aponta ainda que muitas das pessoas que fazem um teste PCR deve-se ao facto de terem testado positivo num antigénio. “Muitos ficam na dúvida”, aponta.
Luís Menezes assegura ainda que não “há falta de testes”, colocando o problema nos “recursos humanos”, nomeadamente nas colheitas. Diz ainda que ainda não foram atingidos os limites diários da realização de despistes à Covid-19, mas que a Unilabs prefere manter-se abaixo desse valor, de forma a conseguir dar resposta a todos os testes, não prejudicando outras áreas, como as análises clínicas.
Questionados sobre se na primeira semana de janeiro o número de testes realizados vai diminuir, os dois responsáveis consideram que não. “A única coisa que já aprendi de dois anos que levamos que o SARS-CoV-2 é que o prognóstico antes do jogo não vale a pena”, sublinha. Já Germano de Sousa prevê que a “avalanche” continue na primeira semana de janeiro, mas que na segunda semana já deverá diminuir.