O Ministro dos Negócios Estrangeiros Chung Eui-yong anunciou esta quarta-feira, através de uma conferência de imprensa acompanhada pela agência de notícias sul-coreana, que Seul e Washington chegaram a acordo e esboçaram um rascunho daquilo que poderá vir a ser a declaração formal do fim da guerra entre as Coreias, iniciada em 1950, há mais de 71 anos.

Apesar de só ter durado efetivamente entre 25 de junho de 1950 — dia em que os soldados de Pyongyang invadiram o paralelo 38, que vincava a separação entre Norte e Sul — e 27 de julho de 1953 — data em que ambos os lados acordaram um cessar-fogo —, nunca houve um tratado de paz e a animosidade entre as Coreias, que praticamente não têm relações formais, subsiste.

Os Estados Unidos, que forneceram cerca de 90% dos soldados estrangeiros que foram enviados para ajudar a Coreia do Sul e ainda hoje mantêm tropas no país, são essenciais para o acordo, já que uma das condições que a Coreia do Norte impôs para se sentar à mesa e conversar foi o fim daquilo a que chama a “política hostil” de Washington.

Há um princípio de acordo para acabar oficialmente com o conflito entre Coreias

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Em conferência de imprensa, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul falou em nome do Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken e anunciou que ambas as partes “chegaram efetivamente a um acordo” sobre o texto da declaração de paz. Entretanto, um porta-voz do Departamento de Estado americano garantiu que os EUA não têm “qualquer intenção hostil” relativamente à Coreia do Norte e que estão dispostos a reunir-se “sem condições prévias”. “Esperamos que a República Popular Democrática da Coreia responda positivamente ao nosso repto”, disse ainda.

Fica a faltar o aval de Pyongyang, que até agora não reagiu publicamente às notícias e está desde segunda-feira em reunião plenária do Partido dos Trabalhadores da Coreia, de Kim Jon-un.

Em setembro, Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, disse que a ideia de assinar uma declaração de paz era “interessante” e “admirável” mas que esbarrava na “política hostil” mantida por Seul e Washington contra o seu país. No mesmo mês, o Vice-ministro norte-coreano Ri Thae Song utilizou os mesmos termos para se referir à atitude dos Estados Unidos mas preferiu adjetivar o armistício de outra forma: disse que o considerava “prematuro”.