O líder do Chega considerou este sábado que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República “falhou no essencial”, criticando-o por não ter identificado os responsáveis pela crise política e por ter-se focado demasiado na pandemia.

Numa declaração vídeo, André Ventura defendeu que, apesar de Marcelo Rebelo de Sousa ter procurado “transmitir aos portugueses alguma confiança, continuou a falhar no essencial”.

“O Presidente da República, consciente que vamos entrar num novo ciclo político imprevisível, foi incapaz, na nossa perspetiva, de identificar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver: o PS e a extrema-esquerda, que não conseguiram fazer aprovar o Orçamento do Estado e resolver a situação económica e política do país”, indicou.

O presidente do Chega considerou também que, ainda que o chefe de Estado tenha sido “capaz de transmitir aos portugueses a força que é preciso para os desafios” que vão ter de ser ultrapassados, deu a impressão de que o país “vive fechado única e exclusivamente à volta da pandemia”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Portugal tem hoje muitos problemas para além da situação da evolução do covid e da evolução da pandemia”, afirmou, elencando questões como “as falências consecutivas, a falta de apoio aos negócios, aos comércios, aos empresários” ou a “destruição progressiva de empregos”.

Segundo André Ventura, “tudo isto ficou fora dos pontos centrais” do discurso do Presidente da República.

“Isso é uma carência que não deveria ter acontecido. Marcelo Rebelo de Sousa é, ou deve ser, o representante máximo de Portugal e, neste momento, Portugal tem muitas outras preocupações, muitas outras ansiedades, que não a mera questão do covid, e isso também falhou no discurso do Presidente da República”, afirmou.

O Presidente da República apelou hoje a que a próxima Assembleia da República “dê voz ao pluralismo de opiniões e de soluções” e que o Governo garanta “previsibilidade para as pessoas e para os seus projetos de vida”.

Na mensagem tradicional de Ano Novo, proferida no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa abordou as eleições legislativas de 30 de janeiro para defender que os portugueses terão de “decidir a Assembleia da República e o Governo para os próximos quatro anos, uma Assembleia da República e um Governo com legitimidade renovada”.

“Uma Assembleia da República que dê voz ao pluralismo de opiniões e soluções, um Governo que possa refazer, também ele, esperanças e confianças perdidas ou enfraquecidas, e garantir previsibilidade para as pessoas e para os seus projetos de vida”, afirmou.

No seu quinto discurso de Ano Novo desde que tomou posse como Presidente da República, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa falou sobretudo da atual situação pandémica, afirmando que é preciso o país “virar a página”.

“O ano que findou prometia ser um fim e um recomeço, mas não foi. Esboçou esse recomeço, tarde e timidamente. O ano que hoje iniciamos tem de virar a página, consolidando, decidindo, reinventando, reaproximando. Retomemos a caminhada juntos”, apelou.