Antonio Brown não estava satisfeito, alegadamente, e deixou o jogo em que estava. Foi um dos momentos do fim de semana no desporto norte-americano e consequentemente mundial, visto a NFL (liga norte-americana de futebol americano) ser global. Não tanto como a NBA, que nisso teve um trabalho mais forte — e um tal Michael Jordan ajudou imenso —, mas mesmo assim é uma liga cada vez mais globalizada.

Assim, tornou-se viral o que Brown, jogador de 33 anos, fez no último jogo da sua agora ex-equipa, os Tampa Bay Buccaneers. O wide receiver, posição ofensiva em que basicamente um jogador faz uma rota para tentar receber a bola do quarterback, fartou-se de algo, chateou-se com algo, ninguém sabe ao certo exceto ele e provavelmente a equipa técnica, e abandonou o campo, mas não sem antes tirar parte do equipamento e enviá-lo para as bancadas. Já sem camisola, o público nova-iorquino (o jogo era na casa dos New York Jets) até pensou que um adepto tinha invadido o campo. Isto quando Brown deu alguns pulos na endzone, perto dos postes.

Mais dois detalhes: os Bucs (alcunha da equipa da Florida) venceram o último Super Bowl, querem revalidar o título e têm um senhor chamado Tom Brady, que muitos consideram o melhor quarterback (e jogador da história).

Dizer que foi um acontecimento estranho é um eufemismo, mas dizer a um fã da NFL que algo assim tinha acontecido sem dizer o nome do atleta e depois revelar que se trata de Antonio Brown não causaria mais surpresa do que o ato em si. Nada avesso a polémicas, o craque (sim, é muito bom jogador) acrescentou assim mais uma ao seu longo espólio. Os Buccaneers venceram o jogo, mas perderam Brown (até há quem fale em abandono de carreira) que atira para a rua mais uma oportunidade. E já são muitas. Logo após o jogo, o treinador Bruce Arians disse apenas: “Ele já não faz parte da equipa, ok? Fim da história”. Mas não foi o último capítulo nem o início da história de Antonio Brown, que chegou à fama após quase uma década a jogar nos Pittsburgh Steelers, de onde saiu após desentendimentos com colegas. Diz-se (sabe-se) que Brown e o quarterback Ben Roethlisberger (agora com 39, mas outro grande craque da sua geração) começaram a dar-se mal. Muito mal. E as coisas para Brown começaram a correr também mal. Muito mal.

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Após o jogo, Tom Brady mostrou-se preocupado com a saúde mental do colega que desde 2018 passou ainda pelos Oakland Raiders. Aí, acabou por lesionar-se de uma forma que na altura foi considerada estranha, com uma lesão no pé por não ter usado equipamento próprio num tratamento de crioterapia. Depois, queria usar um capacete que já tinha sido banido pela NFL e faltou aos treinos de início de época dos Raiders em agosto de 2019, tendo saído no mês seguinte após um post de Instagram em que pedia isso mesmo: sair. Literalmente dois dias depois de sair da referida equipa, os New England Patriots ofereceram-lhe um contrato de um ano que valia 15 milhões de dólares. Durou dias mais uma vez. Após acusações de abusos sexuais, que na altura, segundo a Sports Illustrated, já não eram novos, saiu dos Patriots duas semanas depois de assinar. Em janeiro de 2020 foi acusado de um crime de roubo com agressão por uma empresa de carrinhas de mudanças, mas acabou por não cumprir qualquer pena, mesmo não tendo contestado a situação. Suspenso no verão por 8 jogos após múltiplas violações das regras da NFL, encontra nova equipa em Tampa Bay, em outubro de 2020, vencendo o Super Bowl em fevereiro deste ano. Já no final de 2021, no início de dezembro, mais um incidente complicado que lhe valeu uma suspensão de três jogos: violação dos protocolos de Covid-19 da liga, após a NFL e o sindicato de jogadores terem descoberto que Antonio Brown estava num conjunto de jogadores com documentos em inconformidade relativamente ao estado de vacinação.

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Sobre a mais recente polémica, os meios de comunicação dos EUA, como a ESPN, referem que Brown não foi colocado no banco ou impedido de jogar. Aliás, Bruce Arians terá dito duas vezes ao jogador para entrar e este recusou-se. “Nunca vi nada assim”, referiu à Fox Sports. Após isso, Mike Evans ainda tentou acalmá-lo, mas Brown viria mesmo a sair do campo, como se viu. “Pensávamos que estava a invadir o campo”, referiu um segurança do estádio dos Jets.  Para acrescentar um pouco de surrealismo à história, Brown pediu boleia à polícia até ao aeroporto, o que resultou num redundante “não”.

Acabou com um condutor, não sendo especificado se taxista, particular ou de alguma empresa, que se tornou também viral, aproveitando a fama do seu cliente. E assim acabou, por agora, mais um capítulo da história dentro do livro de polémicas que é Antonio Brown…