O empresário de comunicação social e defensor da democracia em Hong Kong Jimmy Lai encabeça a lista mensal dos 10 casos prioritários relacionados com a liberdade de imprensa divulgada pela One Free Press Coalition.

Considerando as Olimpíadas de Inverno deste ano, previstas para Pequim, a lista de janeiro procura ilustrar o estado “terrível” da liberdade de imprensa na China.

Jimmy Lai Chee-ying está a cumprir uma sentença de 20 meses de prisão, enquanto aguarda outro julgamento, sob acusações de fraude e ataque à segurança nacional, em que pode ser condenado a prisão perpétua.

Ao longo de 2021, a China continuou a apresentar um “registo perigoso de aprisionar e deter jornalistas sem consequências, bem como espiar e agredir fisicamente jornalistas, para procurar censurá-los”, acusou a One Free Press Coalition, no seu comunicado.

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Segundo um recenseamento de detenções destes profissionais feito pelo Comité de Proteção de Jornalistas (CPJ), relativo a 2021, “a China continuou a ser, pelo terceiro ano consecutivo, o país que mais jornalistas detém”. Em 2021 houve a novidade de este recenseamento, feito pelo CPJ desde 1992, incluir pela primeira vez jornalistas de Hong Kong.

A lista da One Free Press Coalition, relativa a janeiro, a 35ª da sua existência, abre com Jimmy Lay, fundador da Next Digital Limited, que publicou o Apple Daily e o Next Magazine, forçados a fechar em 2021, por pressões e ameaças do poder.

O segundo nome é o de Zhang Zhan, uma jornalista independente sentenciada a quatro anos de prisão, por publicar vídeos críticos da resposta do governo à pandemia do novo coronavírus. Iniciou uma greve de fome e está em estado crítico.

Segue-se o escritor, “blogger” e economista uigure Ilham Tohti está preso desde 2014, condenado a prisão perpétua, por acusações de separatismo. Fundou o sítio de notícias Uighurbiz, focado em questões sociais e nos direitos dos uigures.

Em quarto lugar, surge Huang Qi, que dirigia o sítio de notícias focado nos direitos humanos 64 Tianwang, que cumpre uma sentença de 12 anos, sob acusações de divulgação de segredos de Estado. Apesar de estar em estado crítico, tem-lhe sido negado tratamento médico.

O nome seguinte é o do radialista na internet e comentador Wan Yiu-sing, que cobre política na China continental e em Hong Kong para a estação independente D100 e foi detido em fevereiro pela polícia de Hong Kong. Está a ser julgado sob acusações de sedição e lavagem de dinheiro.

A jornalista independente Sophia Huang Xueqin desapareceu em 19 de setembro, juntamente com o organizador laboral Wang Jianbing, um dia antes de embarcar para o Reino Unido, para estudar. Em 27 de setembro foi divulgado que os dois estavam detidos, acusados de “incitamento à subversão“.

A lista da One Free Press prossegue com Haze Fan, repórter e produtora de notícias de economia para a Bloomberg News, que está detida por alegadamente ameaçar a segurança nacional, apesar de não terem sido feitas quaisquer acusações.

Em oitavo lugar surge Zhou Weilin, repórter do sítio noticioso Weiquanwang, focado nos direitos humanos, onde publicou sobre questões laborais e direitos de pessoas portadoras de deficiência. Está a cumprir uma sentença de três anos e meio.

A jornalista uigure Gulmire Imin, que é o nono nome mencionado, está a cumprir uma pena de 19 anos e oito meses, por acusações de separatismo, divulgação de segredos de Estado e organizar manifestações ilegais. Imin foi uma das várias pessoas administradoras de fóruns na internet detidas depois dos motins na região autónoma uigure do Xinjiang, em 2009.

A lista encerra com Gulchehra Hoja que, depois de entrar na Radio Free Asia, nos EUA, foi proibida de regressar à China. Em maio de 2019 testemunhou na Câmara dos Representantes dos EUA, em audição focada nos perigos de fazer notícias sobre os direitos humanos.

Entre as dezenas de associados da One Free Press Coaliton estão as agências Bloomberg, Efe, Reuters e AP, a televisão Al Jazeera, os meios europeus Corriere Della Sera, De Standaard, Deutsche Welle, Süddeutsche Zeitung e EURACTIV, os ‘económicos’ The Financial Times, Forbes e Fortune, a revista TIME ou ainda o The Washington Post.

A One Free Press tem como parceiros o Comité de Proteção dos Jornalistas e a Fundação Internacional das Mulheres nos Meios.