O procurador distrital de Albany (capital do estado norte-americano de Nova Iorque), David Soares, anunciou esta terça-feira que vai deixar cair uma queixa-crime por assédio sexual contra o ex-governador nova-iorquino Andrew Cuomo, acusado de acariciar uma assessora.

A deliberação surge três dias antes de o ex-governador democrata responder à acusação diante do tribunal.

“Embora tenhamos considerado o queixoso neste caso cooperante e confiável, após a análise de todas as evidências disponíveis, concluímos que não podemos cumprir a nossa responsabilidade no julgamento”, indicou o magistrado num comunicado.

Apesar de admitir estar “profundamente perturbado” com a alegação, o procurador requereu que a queixa, apresentada em outubro, fosse indeferida e arquivada.

A queixa criminal em questão acusava Cuomo de ter forçado o contacto físico com uma assessora, algo que o procurador classificou como sendo uma questão problemática, afirmando não haver matéria para prosseguir com o caso.

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A queixa não mencionava o nome da mulher, mas esta identificou-se como Brittany Commisso, uma das assessoras de Cuomo, antes de este renunciar ao cargo de governador do estado de Nova Iorque, no meio de alegações de assédio sexual, denunciadas em agosto.

De acordo com a queixa, Brittany Comisso alegou que Cuomo deslizou a mão pela sua camisola e agarrou os seus seios, quando ambos se encontravam sozinhos num escritório da mansão do governador, em Albany, no final de 2020.

O depoimento de Brittany Comisso foi incluído num relatório, divulgado em agosto pela procuradora-geral do estado de Nova Iorque, Letitia James, que concluiu que Cuomo assediou sexualmente 11 mulheres.

Cuomo anunciou a renúncia ao cargo de governador uma semana após a divulgação do relatório, que considerou impreciso e tendencioso.

“Eu sabia, e ele sabia também, que o que fizemos era errado e que eu não o convidei, nem o incentivei, a fazer”, disse Brittany Comisso aos investigadores do gabinete da procuradora-geral.

Cuomo negou veementemente ter acariciado a então assessora.

Teria de ter perdido a cabeça para fazer uma coisa dessas. Seria um ato de insanidade, tocar o seio de uma mulher e tornar-me vulnerável perante uma mulher por causa de tal acusação”, disse Cuomo à equipa de investigadores judiciais responsável pelo caso.

Em outubro, o gabinete do xerife do condado de Albany, Craig Apple, entrou com uma ação criminal contra Cuomo, acusando-o de contacto físico forçado, no caso que envolvia Brittany Comisso.

A decisão de retirar a queixa criminal surge depois de dois outros procuradores de Nova Iorque terem anunciado, separadamente, que Cuomo não enfrentaria acusações criminais por assédio a outras mulheres.

Um procurador de Long Island anunciou, em 23 de dezembro, que não haveria acusação sobre um caso que envolvia uma agente policial do destacamento de segurança de Cuomo e que denunciou aos investigadores estaduais que o ex-governador tinha passado a mão no seu abdómen num evento em Belmont Park, em setembro de 2019.

Cinco dias depois, o procurador distrital do condado de Westchester anunciou que Cuomo não enfrentaria acusações decorrentes de alegações da mesma agente e de uma outra mulher, segundo as quais o ex-governador as teria beijado na face sem consentimento.

Nos dois casos, os procuradores disseram que as alegações eram verosímeis, mas que não poderiam prosseguir com as acusações criminais.