O governo de Taiwan comprou em dezembro 20.400 garrafas de rum vindas da Lituânia, destinadas originalmente para a China, por desentendimentos entre Pequim e Vilnius.
A compra foi realizada pela empresa estatal Taiwan Tobacco e Liquor (TTL), que decidiu investir nas garrafas de rum após descobrir que a encomenda seria bloqueada pelas autoridades chinesas.
“A Lituânia apoia-nos e nós apoiamos a Lituânia – a TTL brinda à nossa relação” informou a empresa num comunicado, segundo o South China Morning Post, citado pelo The Guardian.
Desde que anunciou que iria estabelecer laços comerciais e diplomáticos com Taiwan, a Lituânia tem vivido um aumento da tensão entre o país da Europa de leste e o gigante chinês, que reclama para si a posse da ilha de Taiwan.
A compra surgiu após o ministro das finanças de Taiwan, detentor da empresa TTL, e o embaixador oficioso de Taiwan na Lituânia, Eric Huang, terem tomado conhecimento do embargo que a China ia aplicar às garrafas lituanas.
Na terça-feira, de acordo com a BBC, o Conselho Nacional de Desenvolvimento de Taiwan publicou uma lista de cocktails e receitas à base de rum e incentivou os cidadãos a comprar o produto em janeiro, de modo a “apoiar a Lituânia”.
Segundo o canal árabe Al Jazeera, a União Europeia, assim como a Lituânia, já informaram a Organização Mundial do Comércio de “sanções sem aviso” por parte da China. O porta-voz dos Negócios Estrangeiros chineses afirmou, contudo, que Pequim não tomou conhecimento de nenhum episódio que envolvesse a encomenda de rum lituano.
As tensões entre Vilnius e Pequim começaram quando o país da Europa permitiu que a embaixada da ilha asiática – que tem procurado a sua independência face à China – na capital da Lituânia utilizasse o nome “Taiwan” no edifício. É comum as embaixadas oficiosas de, e, em Taiwan terem apenas a palavra “Taipei” (nome da capital de Taiwan) para designar a representação do corpo diplomático ou do local onde os diplomatas estrangeiros exercem funções.
A China tinha já realizado bloqueios comerciais semelhantes, com a Austrália a ver proibida a exportação de carvão, vinho e lagostas para o gigante asiático, e Taiwan tinha já sido impedido de enviar carregamentos de ananás para a China.