A estimativa para as reservas no alojamento local (AL) do Porto é de “quase paralisia total” para estes meses de inverno, sendo que na época natalícia ultrapassou os 40% de cancelamentos, avançou, quinta-feira, o presidente da ALEP.

Em entrevista à agência Lusa no âmbito do balanço do setor do alojamento local (AL) na cidade do Porto na época festiva que termina no Dia de Reis, Eduardo Miranda, o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), estima que sejam uns meses de inverno de quase “paralisia total”.

A cidade do Porto registava um índice de 34% de cancelamentos das reservas ao longo de todo o mês de dezembro, mas quando chegou ao final do mês – Natal e Ano Novo – chegou a ultrapassar os 40% [de cancelamentos]”, adiantou Eduardo Miranda, referindo que o calendário de janeiro e fevereiro de 2022 abrandou “muito em termos de novas reservas”.

O “tombo” dos cancelamentos notou-se de imediato ao anúncio das medidas de restrições em finais do mês de novembro, repercutindo-se num “pico de cancelamentos” logo nos primeiros dias de dezembro.

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Após o anúncio de 23 de dezembro do primeiro ministro, António Costa, sobre as novas das restrições que se estendiam a todo o período de Natal e Ano Novo, e até 9 de janeiro de 2022, houve um novo pico de cancelamentos, acrescentou.

Sobre o calendário de janeiro e fevereiro, as novas reservas abrandaram muito e a estimativa é de uma “quase total paralisia da atividade turística no setor do AL.

“A expectativa do inverno, em especial nos centros urbanos, onde o Porto é um dos dois grandes centros, é um inverno muitíssimo duro, é um inverno tal e qual como tivemos os invernos anteriores em termos de quase paralisia da atividade”, disse.

Para Eduardo Miranda, só talvez na próxima primavera se possa voltar a pensar no final da crise do setor turístico, designadamente no AL, mas alerta o Governo que é preciso sobreviver ao inverno e, por isso, apela ao apoio do setor estes próximos meses, porque há quase dois anos que deixaram de faturar e será “muito complicado” aguentar mais três meses.

Neste período de eleição legislativas, Eduardo Miranda pede aos governantes para não deixarem os operadores turísticos à “sua sorte”, porque em alguns setores a crise continuou, ou voltou a ser profunda e vai ser necessário nos três meses “algum oxigénio de apoio imediato de tesouraria, com fundo perdido”.

O impacto em dezembro 2021 foi grande, reitera.

“Regredimos. Voltámos à fase pior que tínhamos de crise em julho, quando houve os cancelamentos todos, e há uma necessidade de repensar para o inverno o apoio, porque o calendário de inverno está praticamente vazio”, frisou.

O setor turístico do AL tinha um número razoável de reservas para dezembro de 2021, mas mal vieram as restrições no final de novembro e depois em dezembro, nas semanas seguintes a notícia chegou lá para fora e veio uma “chuva de cancelamentos”, recorda o presidente da ALEP.

“Tudo o que parecia que ia acontecer, e que o mercado estava a querer recomeçar, de repente desaba de uma hora para outra e foi o que aconteceu em dezembro 2021 e agora janeiro de 2022”, lamenta.

Segundo Eduardo Miranda, as notícias que são veiculadas no estrangeiro sobre a Covid-19 em Portugal vão com muito ruído.

“O que passa para o estrangeiro é que Portugal entrou de novo no estado de calamidade e que está muito complicado, que é preciso testes para tudo e os testes têm custos, e então os estrangeiro percebem que não é uma boa altura para se viajar, porque está tudo muito confuso”, disse.

“Toda a vez que se voltam a colocar estas restrições, que há surtos novos, mesmo que estejam controlados, o impacto é imediato, como aconteceu em dezembro. O que significa que aquela perspetiva de retoma, principalmente nos grandes centros urbanos, como Porto e Lisboa, deu um passo para trás gigantesco agora e estamos numa situação bastante mais delicada, porque perdemos dezembro, que era um balão de oxigénio“, indicou.

O presidente da ALEP estima, todavia, que a primavera de 2022 seja um novo regresso a alguma normalidade.

“Esperemos que seja a reta final desta crise no setor turístico por causa da pandemia, porque, com a vacina, já começa a haver alguma luz real ao fundo do túnel. De um regresso à normalidade, mesmo que seja lento e espera-se que isso aconteça a partir da primavera”, antecipou.