O Governo colocou tudo nos dois pratos da balança. Portugal está a testar mais, mas a variante Ómicron corre a um ritmo sem precedentes nesta pandemia. E, apesar dos recordes diários de novos casos em Portugal, os cuidados hospitalares no serviço nacional de saúde estão mais protegidos. E a população mais vulnerável também — veja-se, por exemplo, o caso dos lares para idosos.
Na apresentação das novas medidas que entram em vigor a 10 de janeiro, o Governo apresentou sete gráficos — uns de barras, outros de linhas — que resumem os dados por trás das regras aprovadas no Conselho de Ministros. Reveja-os aqui.
Testagem bateu recordes e é maior do que há um ano
O nível atual de testagem ao SARS-CoV-2 é agora cinco vezes superior ao que era em janeiro do ano passado. Ao longo de todo o mês de dezembro foram realizados cinco milhões de testes, com um novo máximo estabelecido a 30 de dezembro, com 402 mil. O primeiro-ministro argumentou que “a realização destes testes de forma massiva”, assim como o controlo fronteiriço, têm sido “um instrumento fundamental na deteção precoce de situações de infeção e para conter o ritmo de transmissibilidade” do vírus.
Variante Ómicron é mais transmissível e já é dominante
Há, no entanto, uma pedra na engrenagem: a alta transmissibilidade da variante Ómicron, que neste momento representa já 90% de todos os casos positivos. António Costa recordou que, a 21 de dezembro, se antecipou a semana de contenção porque “persistia a dúvida de saber se, além de altamente transmissível, tinha um risco maior, um risco idêntico ou comportava uma menor severidade de doença”.
Casos alcançam novos máximos, mas há menos quadros severos
O Governo está agora mais confiante porque, na reunião que decorreu esta quarta-feira no Infarmed, os especialistas basearam-se em dados internacionais e nacionais que confirmam que, apesar de altamente transmissível, e com tendência de crescimento até à próxima semana, “é evidente que esta variante oferece menor severidade”.
Muitos menos internamentos e muito menos mortes
As provas de que um elevado número de casos já não se traduz numa pressão insuportável para os cuidados hospitalares — uma ideia repetida pelos peritos na reunião no Infarmed — estão nos gráficos referentes aos internamentos gerais, internamentos em cuidados intensivos e óbitos por Covid-19: os números são “muito inferiores” aos registados no passado.
O caso dos lares: menos surtos, menos casos e menos internados
A situação atual nos lares para idosos é um caso particular que testemunha como, apesar do recorde de novos casos e da capacidade de transmissão da variante Ómicron, as pessoas mais vulneráveis perante uma infeção pelo SARS-CoV-2 estão também mais protegidas. Olhando para os dias 3 de janeiro de 2021 e 3 de janeiro de 2022, contabilizam-se agora seis vezes menos surtos em lares, quase 10 vezes menos casos positivos a eles associados e 14 vezes menos internados.