J.R. Moehringer é um jornalista e escritor americano que ganhou um Pulitzer em 2000 pelos seus artigos e reportagens no Los Angeles Times, co-autorou a autobiografia do tenista Andre Agassi e foi escolhido por Harry, o Duque de Sussex, para o ajudar a escrever a sua. Em 2005, Moehringer publicou um livro de memórias de infância e juventude, The Tender Bar, que George Clooney achou interessante o suficiente para o transformar no seu novo filme como realizador (e onde não participa como ator). Tem o mesmo título da obra, um argumento assinado por William Monahan e exibição na Amazon Prime Video.

[Veja o “trailer” de “The Tender Bar”:]

Em The Tender Bar, J.R. Moehringer recorda como cresceu em Long Island nos anos 80 e 90, filho de um pai absentista e errático, um DJ de rádio de quem só conhecia a voz, criado pela mãe, uma secretária, em casa dos avós onde também vivia o resto da família, sempre a contar os tostões e sem ter onde cair morta. O seu tio Charlie, autodidata e leitor voraz, era dono de um bar local chamado Dickens (como homenagem ao autor de “Tempos Difíceis”), onde o pequeno J.R. passava todo o tempo que podia. Além de sonhar com uma bolsa de estudo para a Universidade de Yale, Moehringer queria ser escritor e encarava o tio como seu pai substituto, mentor de vida e modelo de comportamento.

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[Veja uma entrevista cm Ben Affleck e Daniel Ranieri:]

J.R. passou por momentos difíceis enquanto crescia (é interpretado por Daniel Ranieri em menino, e por Tye Sheridan já mais velho), mas George Clooney não é capaz de os filmar como tal. “The Tender Bar” é uma fita de uma permanente vacuidade emocional, sensaboria dramática e monotonia narrativa, o equivalente cinematográfico de um prato de peixe cozido com batatas sem tempero. Quer mostre uma situação cómica ou um momento de aflição, como aquele em que a mãe do rapaz (Lily Rabe) descobre que tem um tumor, ou quando o pai espanca o tio Charlie em plena rua, Clooney fá-lo exatamente com o mesmo desprendimento enfadado, insosso e monocórdico. Isto não é realizar, é apenas apontar a câmara a atores mal dirigidos ou deixados à sua sorte. Chamar telefilme a “The Tender Bar” é ser injusto para os bons telefilmes.

[Veja uma entrevista com Tye Sheridan:]

Para usar terminologia do “surf”, “The Tender Bar” é “flat”, da primeira à última imagem. Um bom exemplo é a sequência em que J.R. é insolente para a endinheirada e pedante mãe da sua namorada quando estão a tomar o pequeno-almoço, por ela se ter referido à sua mãe de forma desagradável. Podia ter sido cómica, tensa ou embaraçosa, ou as três coisas ao mesmo tempo, mas é apenas indiferente. A nossa ligação às personagens, ao que fazem e ao que lhes vai acontecer é pouca ou inexistente e as interpretações seguem o mesmo tom inexpressivo e desconsolado da fita, que até consegue desperdiçar Christopher Lloyd no papel do avô de J.R. George Clooney fez um filme que não passa de um desperdício de 1 hora e 46 minutos de vida.

“The Tender Bar” estreia sexta-feira, dia 7, na Amazon Prime Video