Mais de 610 manifestações armadas registaram-se nos Estados Unidos nos últimos dois anos, com aumento recente de protestos de movimentos pró-Trump, segundo análise divulgada quinta-feira pelo projeto de registo de conflitos ACLED, um ano depois do ataque ao Capitólio.

A análise do ACLED e da organização Everytown for Gun Safety, a que a Lusa teve acesso, conclui que a ameaça de manifestações armadas não diminuiu entre o início de 2020 e o final de 2021, e que a taxa de protestos armados de movimentos pró-Trump aumentou ao longo do ano passado. Um ano após a invasão ao Capitólio norte-americano, verificou-se que as manifestações pró-Trump continuam a acontecer e têm maior probabilidade de serem armadas.

As demonstrações pró-Trump foram assinaladas todos os meses desde o início de 2021. Essas manifestações foram exageradamente armadas“, adiantam, dando nota de que “6,8% dos protestos pró-Trump (112 de 1.646), entre janeiro de 2020 e novembro de 2021, foram armados, em comparação com 1,5% de todas as outras manifestações (501 de 33.298)”.

A percentagem de manifestações de apoiantes do ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump com uso de armas de fogo aumentou no último ano.

“Em 2021, 8,8% das manifestações pró-Trump foram armadas (32 de 364) em comparação com 6,2% em 2020 (80 de 1.282)”, sendo que, no mesmo período, 47,3% dos protestos (53 de 112) ocorreram junto a parlamentos estaduais, face aos 12,2% de todas as outras demonstrações com armas (61 de 501).

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A análise sustenta ainda que a “percentagem de manifestações armadas pró-Trump que ocorreram em zonas parlamentares aumentou em 2021, com 81,3% (26 de 32) a serem relatadas, em comparação com os 33,8% (27 de 80) em 2020”.

Estas manifestações tornaram-se violentas ou destrutivas 13,6% das vezes em 2021 (seis em 44), contra 11,4% das vezes em 2020 (oito em 70). Os protestos armados continuam a ser orientados por atores de extrema-direita”, alertam, sublinhando que “membros de grupos de extrema-direita estiveram presentes em pelo menos 45,8% de todas as manifestações armadas em 2021 (60 de 131)”.

A grande maioria dos participantes são de extrema-direita (81,9%), de acordo com os dados revelados, sendo que os três principais grupos presentes em protestos armados desde 2020 são os Boogaloo Boys (movimento político de extrema-direita antigovernamental), os Three Percenters (grupo paramilitar de extrema-direita) e os Proud Boys (organização política neofascista de extrema-direita).

O ACLED e a organização Everytown for Gun Safety lembram que, apesar de as manifestações armadas em zonas parlamentares representarem um subconjunto, eventos como o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, “salientam os perigos da atividade armada nesses locais”.

De acordo com o estudo das duas entidades, as manifestações armadas são 6,5 vezes mais propensas a tornarem-se violentas ou destrutivas do que os protestos sem armas de fogo.

“Embora o número total de manifestações armadas tenha diminuído, juntamente com uma diminuição geral dos protestos, desde o auge do movimento Black Lives Matter e os acontecimentos de 6 de janeiro [ataque ao Capitólio dos EUA], a atividade de manifestação armada continua a ser uma ameaça”, salientam os autores do estudo.