Uma vitória para quebrar a pior série na Liga, uma goleada para dar moral na Taça do Rei. Os dez anos de Diego Simeone no comando do Atl. Madrid coincidiram com aquele que foi o pior período do treinador no clube a nível de Campeonato, perdendo pela primeira vez quatro encontros consecutivos pelos colchoneros. Depois do Maiorca, do Real Madrid e do Sevilha, o Granada foi o adversário no último jogo do ano civil que teve como uma das poucas boas notícias o ressurgimento de João Félix, titular nove partidas depois para marcar um golo, acertar no poste, ver um golo anulado e estar nos melhores momentos da equipa.

Sem João Félix (com Covid-19), Atlético de Madrid vence Rayo por 2-0

Depois, e mais uma vez desde o início da pandemia, o avançado português foi um dos infetados com Covid-19 no plantel a par de Koke, Griezmann, Herrera e o próprio Simeone, ficando afastado da primeira partida em 2022 no Wanda Metropolitano frente ao Rayo Vallecano, resolvida com um bis de Correa. O regresso, esse, mostrou que a paragem não afetara o rendimento do número 7, entrando para fazer magia na Taça do Rei com o Rayo Majadahonda entre um golo e um passe de calcanhar que mereceu destaque.

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“O João teve uma atuação extraordinária na segunda parte. Entrou com muita vontade e saiu-lhe tudo bem, fez muitas coisas boas para a equipa. Estou muito contente por ele e certamente que será bom para nós se o João continuar a este nível”, comentou no final da partida Diego Simeone, abrindo a porta a uma maior utilização do jogador depois de uma fase no início da temporada em que não conseguiu deixar um papel secundário nas opções da equipa. Aliás, essa aposta na segunda metade da época já tinha também sido manifestada por Enrique Cerezo, presidente do Atl. Madrid, numa entrevista ao jornal Marca.

O 1-0 aos 100 segundos, outro golo anulado, uma bola no poste, zero pontos: João Félix aparece em grande mas Atl. Madrid volta a perder

“Vejo-o fantasticamente bem, como uma das grandes figuras do futebol e do Atl. Madrid. Quando o Agüero veio para cá e era treinador pelo Javier Aguirre, toda a gente ficava chateada, porque ele não jogava tanto como queria. O treinador dava-lhe uns minutos, depois tirava-o, voltava a dar uns minutos… e agora olhem. A quem é que devemos dar razão? Os jogadores têm as suas etapas e o João é muito jovem. Também deveria ser mais protegido, leva muita porrada. Peço que respeitem mais o jogo do João”, frisou, sem comentar depois o número de minutos em 2021/22 por ser uma opção apenas do treinador.

O momento estava lá, para o Atl. Madrid e para João Félix, mas faltava uma última resposta à mudança de ciclo nas exibições e nos resultados. E esse momento era na sempre complicada deslocação ao terreno do Villarreal, formação comandada por Unai Emery que vendeu a última Liga Europa, que se apurou esta temporada para os oitavos da Champions e que estava a fazer mais um Campeonato tranquilo. No final, sobrou um grande jogo de futebol, com resultado imprevisível e com mais dois pontos perdidos.

O Villarreal começou melhor, quase que provando desde o primeiro minuto que é uma equipa talhada para este tipo de desafios, mas acabou por tropeçar numa das poucas coisas que Unai Emery não seria capaz de prever: Parejo falhou um passe a meio-campo, Correa esticou-se para fazer o corte, conseguiu a interceção e arriscou um remate a 50 metros da baliza de Rulli que deu na primeira semana completa de 2022 um dos mais fortes candidatos a golo do ano (10′). Os visitados ainda acertaram no poste quase na resposta, num desvio de Gerard Moreno ao primeiro poste antes da recarga ao lado de Estupiñan (16′), mas foi a equipa do Atl. Madrid a ameaçar o segundo por Matheus Cunha, isolado a permitir a defesa de Rulli (18′), e de novo Correa, a marcar de calcanhar após uma bola parada mas em situação adiantada (20′).

Com qualquer outro adversário, o conjunto de Simeone poderia assumir-se como uma equipa a dominar e por cima; contra o Villarreal, passou muito rapidamente de dominadora a dominada, vendo um golo anulado a Parejo numa recarga a um penálti de Gerard Moreno defendido por Oblak (24′) antes do empate por Pau Torres poucos minutos depois num lance em que o guarda-redes eslovaco largou para a frente a bola num livre lateral e o central empurrou para o 1-1 (29′). Só havia uma equipa em campo no plano ofensivo e o Estádio El Madrigal, conhecido também como Estádio de la Cerámica, via o Submarino Amarelo começar a afundar os colchoneros até a uma reviravolta que surgiria já no segundo tempo após uma grande combinação com assistência de Gerard Moreno para o remate de Albert Moreno (59′).

Simeone fez uma tripla alteração logo na resposta, lançando em campo Vrsaljko, Koke e João Félix e vendo resultados pouco depois com o empate na sequência de uma grande defesa de Rulli a remate de Correa antes da recarga de pé esquerdo de Kondogbia que deixou depois o argentino mal na fotografia (67′). O Atl. Madrid teve depois um forcing final onde parecia estar mais por cima em termos físicos, o Villarreal ainda foi a tempo de tentar também uma resposta mas o empate iria perdurar até ao final da partida, que nos descontos colocou os visitantes reduzidos a dez por expulsão do médio Kondogbia.