A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou esta terça-feira que ainda não é claro se Portugal já passou pelo pico da quinta vaga da pandemia de Covid-19. “Não sabemos se o pico que deveríamos passar na segunda semana de janeiro já passou”, indicou, acrescentando que esta semana o número de infeções diárias ainda deve aumentar. “Os cenários de previsão apontam ainda uma subida de casos, que terá impacto no internamentos.”

À margem de uma visita ao Hospital de Vila Franca de Xira, Marta Temido ressalvou que o índice de transmissibilidade — R(t) — já está a decair em Portugal, ainda que de forma assimétrica em todo o país. A ministra deu o exemplo do Algarve, em que a variante Ómicron ainda não é dominante, podendo a região sofrer um “agravamento” da pandemia.

Nos três cenários traçados pela Direção-Geral da Saúde e o ministério da Saúde em outubro, Marta Temido referiu que Portugal está entre o patamar intermédio e o menos grave. “Isso dá-nos alguma expectativa”, destacou.

No Natal e Ano Novo podem disparar óbitos e internamentos se imunidade da vacina for de apenas 1 ano. Os 3 cenários das autoridades de saúde

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No que diz respeito à pressão hospitalar, a ministra admitiu “fragilidades” e disse que, devido ao aumento de casos, haverá uma “pressão acrescida” nos hospitais. Marta Temido mencionou que Lisboa e Vale do Tejo é a região mais afetada pela pandemia, mas que tem conseguido equilibrar a atividade programada com a resposta aos doentes de Covid-19.

A governante adiantou que, na região de Lisboa e Vale do Tejo, há cerca de 700 doentes internados em enfermaria por Covid-19, enquanto há um ano eram quase 3.000. “São duas realidades muito distintas. Embora haja pressão, é uma pressão muito diferente”, descreveu Marta Temido, que referiu que aquilo que o Governo está procurar fazer é conseguir atingir “o equilíbrio entre a atividade normal com resposta à Covid-19”.

Outro dos instrumentos que está sob elevada pressão é a Linha SNS24, sublinhou Marta Temido, que revelou que foram recebidas cerca de 700 mil chamadas desde o início do ano, algo que caracterizou como sendo uma “quantidade muito significativa”.

“Neste momento da evolução da pandemia, sabemos que, ao contrário de momentos passados onde a grande procura foi ao nível das unidades de cuidados intensivos, temos outros serviços que estão a ser pressionados, como o SNS24”, afirmou a ministra da Saúde, que acabou por reconhecer que a resposta na linha não é “perfeita” fruto da pressão, mas que está a ser “robustecida”.

A alteração do algoritmo vai ser uma das alterações, sinalizou a ministra, esclarecendo que tal irá facilitar o trabalho dos médicos. Além disso, haverá um reforço do pessoal na linha SNS24, bem como abrirão novos call centers.

10% dos internados nos hospitais portugueses são doentes Covid e há 44 menores internadas devido ao vírus

Marta Temido divulgou também que há cerca de 15.500 internados nos hospitais portugueses e apenas 10% (1.564) são doentes Covid. Entre esses 1.564, há 44 menores internados devido ao vírus e que a percentagem entre o total dos doentes internados com o vírus é de 2,8%.

“Isso é resultado de um esforço significativo na área da vacinação”, salientou, adiantando também que Portugal tem capacidade para vacinar 94 mil pessoas por dia. “O nosso próximo objetivo é avançar mais uma faixa etária naqueles que foram vacinados com a vacina da Janssen”, disse ainda a ministra.