A Gigafactory Berlim foi construída de forma relativamente célere, mas os problemas começaram logo aí, com os ambientalistas a contestarem o corte das árvores e a deslocação dos répteis. Tudo isto num terreno que os próprios responsáveis pelo Estado de Berlim-Brandenburg avançaram para alojar as instalações fabris capazes de produzir 500.000 de veículos/ano.

Apesar da aprovação final depender ainda do ministro do Ambiente, a Tesla foi entretanto autorizada, em final de Dezembro, a produzir 250 unidades do Model Y para testes da linha de fabrico. Agora, o construtor viu ser autorizada a produção de mais 2000 unidades do SUV, o Model Y, mas a Gigafactory Berlim irá igualmente fabricar o Model 3, sendo que ambos os modelos estão destinados a abastecer os mercados europeus.

Segundo a imprensa alemã, a Tesla não será autorizada a comercializar estes unidades e a segunda tranche de veículos foi permitida depois de a marca se ter revelado insatisfeita com a qualidade das primeiras 250 unidades. Quem o afirma é a Electrek, que teve acesso à troca de documentação entre a Tesla e o Estado.

O objectivo era arrancar com a produção no final de Dezembro, o que não aconteceu, dando força às críticas que o interesse nacionalista de defender os construtor locais estará por detrás dos argumentos dos ambientalistas, os quais exigiram que o governo voltasse a analisar o cumprimento integral das exigências por parte da Tesla. E o facto de esses mesmos ambientalistas lidarem sem problemas com a central eléctrica a carvão que opera nas proximidades, mais precisamente nos arredores da pequena cidade de Jänschwalde, apenas reforça esse sentimento.

Com seis unidades e uma capacidade total de 3000 MW, esta central tem ainda a curiosidade de ser pertença da Leag, uma empresa checa de energia. Além do espaço que ocupa no terreno, o que obviamente obrigou ao abate das árvores e ao fim do habitat dos animais que antes ali existiam, a central de Jänschwalde produz 22 mil milhões de kWh por ano, conseguidos à custa da queima de 80.000 toneladas de carvão por dia, extraído de uma mina a céu aberto num outro terreno contíguo à central, o que implicou a condenação de mais umas árvores, como seria de esperar.

Esta agressão ao ambiente é agravada pelo facto de a Central da Leag não queimar especificamente carvão, mas sim um versão mais pobre, a lenhite, que polui ainda mais do que o carvão para gerar a mesma quantidade de energia, incrementando as emissões de poluentes. Aliás, a União Europeia considerou a central de Jänschwalde uma das 10 centrais termoeléctricas mais poluentes na Europa. Mas, aparentemente, não incomoda tanto os ambientalistas como a fábrica da Tesla.

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