A missão chinesa na Lua recolheu a primeira prova física da presença de água na Lua: encontrou moléculas de água (H2O) e de hidroxilo (OH) numa rocha lunar enviada para a Terra no final de 2020, conforme reportaram num artigo científico publicado na Science Advances.

As presença de água, nomeadamente de moléculas de H2O já tinha sido detetada na Lua antes, mas sempre por métodos indiretos, recorrendo a aparelhos de medição colocados em órbita — tal como relevou a NASA em outubro de 2020, sobre a descoberta destas moléculas na face ensolarada da Lua.

Com esta missão, a China não só analisou as rochas no local com métodos indiretos, estimando o conteúdo de água em cerca de 120 ppm (partes por milhão) — o equivalente a 120 gramas de água numa tonelada de solo lunar —, como o confirmou na Terra, chegando a uma concentração de água de 180 ppm.

Os nossos resultados fornecem o contexto geológico do local onde foram recolhidas as amostras e estabelecem a relação entre as medições in situ e as análises laboratoriais das amostras devolvidas”, destaca a a equipa da Academia Chinesa de Ciências no artigo.

A presença destas moléculas, calculam os investigadores, serão o resultado de ventos solares, que transportam átomos de hidrogénio para a superfície da Lua onde reagem com os átomos de oxigénio presentes nos minerais. Mas a diferença de concentração, entre a medição no local e no laboratório levanta a possibilidade de parte das moléculas terem origem no interior do nosso satélite natural.

O veículo espacial Chang’E-5 aterrou na zona norte da bacia do Oceanus Procellarum (Oceano das Tormentas), o maior mar lunar, no dia 1 de dezembro de 2020. No dia 17 foram enviados 1.731 quilos de amostras de rocha para a Terra.

“Esta foi a primeira missão que trouxe rochas da Lua desde a missão soviética Luna 24, em 1976”, escrevem os autores.

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