Wordle é um jogo onde não há pistas: num retângulo completamente vazio, o objetivo é descobrir uma palavra em inglês com cinco letras. Há seis tentativas, só pode ser jogado uma vez por dia e é gratuito. Na verdade, é uma espécie de puzzle de palavras online em que todos os dias há uma nova para se adivinhar, e que está a encher as redes sociais de quadrados verdes, amarelos e cinzentos.

Primeiro escreve-se uma palavra em inglês e o desafio indica se as letras estão corretas ou não, através de um código de cores. Se uma letra aparecer com a cor verde significa que a letra faz parte da palavra e, além disso, está no local certo. Se estiver amarela, significa que a letra está na palavra, mas não no lugar correto. Por fim, se aparecer acinzentada, a letra não está sequer na palavra. O processo repete-se seis vezes, podendo-se desvendar ou não a palavra. E, para quem prefere em português, já existe uma versão nacional — o Termo — que segue exatamente as mesmas regras.

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O melhor? Não há publicidade. “Não está a tentar fazer nada obscuro com dados ou com os globos oculares [dos utilizadores]. É apenas um jogo que é divertido”, destacou o criador Josh Wardle ao The New York Times.

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A internet está numa situação má de momento, mas isto [o desafio] é ótimo porque não está a fazer todas aquelas coisas desagradáveis. É como a web era quando a tivemos pela primeira vez, era muito mais divertida”, explicou Adam Procter, diretor do curso de design de jogos na Universidade de Southampton, ao The Guardian.

Wardle considera que a popularidade do jogo se deve à sua simplicidade. “Mesmo que eu jogue todos os dias, continuo a ter uma sensação de realização quando jogo”.

Para aumentar a hipótese de ganhar, Tim Gowers, professor de matemática em Cambridge, sugeriu escolher duas palavras com letras completamente diferentes, por exemplo, “tripe” e depois “coals”. É como a teoria da entropia, referiu ainda.

Wordle nasceu de uma brincadeira amorosa — que faz um trocadilho com o apelido — para passar o confinamento, em 2021. Depois, Josh partilhou com a família no Whatsapp e, em outubro, com o resto do mundo. Acabou a ter uma ascensão meteórica: de 90 jogadores em novembro para 300.000 no início de janeiro, para 2 milhões no último fim de semana.

Com o sucesso veio a ansiedade e o peso da responsabilidade, conta o engenheiro de software, que vive em Brooklyn. “Tornar-se viral não é bom para ser honesto. (…) Sinto que tenho de garantir que tudo está a funcionar corretamente”, confessou. O lado positivo é saber que o desafio trouxe momentos de alegria às pessoas no meio da pandemia.

Recebo e-mails de pessoas que dizem coisas como ‘hey, não podemos ver os nossos pais de momento por causa da Covid, mas partilhamos os nossos resultados do Wordle todos os dias’. Durante esta situação estranha, é uma maneira de as pessoas se manterem ligadas com pouco esforço”.

A questão agora é decidir se o jogo deve evoluir. “Se eu fizer alguma mudança, gostaria de pensar que são mudanças que eu teria feito, mesmo que fosse apenas [eu e a minha namorada] a jogar”, constata.