O capitão Aboubakar, que já jogou no FC Porto, Choupo-Moting, do Bayern Munique, e Toto Ekambi, jogador do Lyon. Se juntarmos a este trio o guarda-redes Onana, do Ajax, o português António Conceição tem aqui uma boa base para ter bons resultados ao serviço dos Camarões, país anfitrião da Taça das Nações Africanas (CAN). Depois de uma vitória frente ao Burkina Faso no arranque da competição, era a Etiópia, que perdeu com Cabo Verde, um dos representantes lusófonos, o adversário desta quinta-feira. Os etíopes precisavam de vencer para se manterem vivos para o apuramento, ao fim ao cabo também passam os quatro melhores terceiros classificados do grupo, pelo que mesmo com o favoritismo camaronês, a CAN tem-nos dito que o equilíbrio (e os poucos golos) têm pautado até agora a competição.

Na antevisão, António Conceição referiu que a sua equipa precisava de “lutar para vencer”. “Para atingirmos o nosso objetivo temos de ultrapassar os nossos obstáculos e amanhã [quinta-feira] temos mais um”, disse o português, que adjetivou a Etiópia como uma “seleção incómoda, dinâmica, de transição e com boa ideia de jogo”.

A vitória frente ao Burkina Faso trouxe-nos mais confiança para encararmos o resto do torneio. O jogo de abertura é sempre difícil, principalmente para quem joga em casa, porque a pressão do público para conquistar a primeira vitória era grande. A adrenalina dos futebolistas atingiu níveis altos, o que se notou no seu comportamento antes da partida. Fomos melhores do que um adversário fortíssimo, com jogadores, do ponto vista individual, muito bons”, disse ainda.

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O treinador português falou ainda da Covid-19, que marca também a CAN, explicando que os seus jogadores “não saem para lado nenhum”. “Criámos uma ‘bolha’ na equipa como uma proteção muito grande. Não recebemos família, nem amigos e somos a única seleção neste centro de estágio”, acrescentou.

E se Conceição disse que a Etiópia era “incómoda”, tinha muita, muita razão. A destacar os 15 remates ao intervalo, oito para os Camarões e sete, um número surpreendente para a Etiópia, que mesmo com 40% de posse de bola bem feriu, e tentou ferir ainda mais, a equipa da casa. E a ferida foi aberta logo aos 4′, quando Hotessa colocou os etíopes na frente, num momento em que o jogo ainda não estava nada definido.

Novamente à procura do resultado — no primeiro jogo também esteve a perder — a seleção camaronesa teve de ir atrás do resultado e aos 8′ empatou imediatamente o jogo, através de Toto Ekambi, após um excelente cruzamento de Fai, num lance que começou com um excelente remate de Aboubakar, o homem em destaque até agora na CAN. Sem surpresa, bola do lado camaronês, mas que perigo criaram os adversários, estando próximos de marcar novamente aos 25′, de contra ataque. A verdade é que a equipa de Toni Conceição não estava nada bem na transição defensiva e seguiam-se os arrepios para a defesa.

Contudo, com Toto Ekambi a acertar no poste aos 40′, a equipa teve certamente um bom intervalo, porque voltou com tudo para a segunda parte, desequilibrando completamente o jogo no qual estava claramente com um sub-rendimento. Aboubakar marcou aos 53′, num lance de cabeça como mandam as regras, e aos 55′, bem à ponta de lança, fazendo um rápido e mortal 3-1.

A partir daqui a Etiópia ficou manietada e num impasse, dado que subir no campo abria espaço para os camaroneses. Destaque para os números de Aboubakar que com os golos desta quinta-feira conseguiu tornar-se no primeiro camaronês a marcar em três jogos da CAN desde… Eto’o, em 2008. Toto Ekambi, lançado na velocidade aos 67′, trabalhou bem sobre dois defesas da Etiópia, em diagonal da esquerda para o meio, e fez o 4-1.

Começou como um susto concretizado pelos etíopes (e outros que bem assustaram António Conceição), mas acabou por tornar-se um jogo fácil assim que os Camarões começaram a jogar o que sabem logo no arranque do segundo tempo e o resultado só não foi mais pesado porque não calhou. Bolas por cima, ao lado, aos postes ou defesas de Shanko. A diferença é muito grande entre as duas equipas e a dada altura isso contou efetivamente para alguma coisa. Vitória expressiva do país organizador, orientado por um técnico português que chega às 11 vitórias em 18 jogos pelos africanos. O apuramento está no bolso, os seus adeptos estão (dentro das possibilidades face à Covid-19), nas bancadas, e os Camarões arrancaram o alguns dos melhores minutos de entre todas as equipas na CAN. Veremos até onde Conceição levará esta equipa, que não pode facilitar tanto como fez esta tarde durante algum tempo. Temos candidato.