O Ministério Público de Roma já abriu uma investigação ao funeral de Alessia Augello, membro do partido de extrema-direita Forza Nuova, que teve uma bandeira Nazi em cima do caixão, no adro de uma igreja em Roma. A própria diocese romana também já se viu obrigada a vir a público prestar declarações depois do jornal La Reppublica ter divulgado imagens do funeral. O jornal Corriere della Sera avança que já terão sido identificadas cerca de duas dezenas de pessoas na sequência da investigação.

Com 44 anos, Alessia Augello morreu depois de complicações na sequência de uma cirurgia e no funeral que aconteceu na segunda-feira os companheiros do partido de extrema-direita onde militava decidiram fazer a saudação fascista e colocar uma bandeira nazi sobre o caixão, fazer a saudação e entoar gritos que ficaram registados em vídeo.

O vicariato de Roma emitiu uma nota sobre a “instrumentalização ideológica grave, ofensiva e inaceitável” no funeral que ocorreu na igreja de Santa Lúcia, na cidade de Roma, frisando a “total ignorância” do padre Alessandro Zenobbi e todos os membros da paróquia perante o que aconteceu no final da celebração fúnebre.

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“No dia 10 de janeiro foram celebradas exéquias fúnebres na paróquia de Santa Lúcia. No final, no exterior da igreja paroquial um grupo de pessoas conriu o caixão com uma bandeira com a suástica nazi — um símbolo horrendo inconciliável com o cristianismo — e entoaram gritos e fizeram gestos compatíveis com essa ideologia extremista. A instrumentação ideológica violenta, ainda por cima depois de um ato de culto e próximo a um lugar sagrado, é para a comunidade eclesiástica de Roma e para todos os homens da nossa cidade grave, ofensiva e inaceitável”, lê-se no comunicado da diocese que confirma o que aconteceu, detalhando que a bandeira só foi colocada sobre o caixão no exterior da igreja sem que os membros da paróquia dessa intenção tivessem conhecimento.

“O que aconteceu no exterior da igreja não teve qualquer autorização do pároco ou do celebrante, desconhecendo ambos o que estava prestes a acontecer”, frisa o comunicado acrescentando “a profunda tristeza, desilusão e deceção pelo aconteceu”, “distanciando-se de cada palavra, gesto ou símbolo utilizado no exterior da igreja”.

Também a família da mulher, em declarações citadas nos órgãos de comunicação italianos, já veio a público dizer que “Alessia não gostaria” do que aconteceu. No Facebook, Stefania Vesica tia de Alessia Augello escreveu que “a família, amigos e a própria Alessia distanciam-se e dossociam-se do que aconteceu no exterior da igreja depois do funeral”.

“Estamos tristes pela perda da nossa Alessia. Distanciamo-nos totalmente do que aconteceu fora da igreja, dos quais não tínhamos conhecimento e nem mesmo Alessia gostaria. Nunca permitiríamos, gostámos ou sequer autorizámos o que aconteceu. Pedimos aos jornalistas e a todos, considerando a nossa perda, que respeitem a nossa dor e o nome de Alessia Augello”, lê-se na rede social.

Também a comunidade judaica de Roma já se pronunciou sobre o que aconteceu. “É inaceitável que uma bandeira com uma suástica ainda possa ser mostrada em público nos dias de hoje, especialmente numa cidade que viu a deportação de seus judeus por nazis e seus colaboradores fascistas”, afirmou em comunicado.