A coordenadora bloquista, Catarina Martins, defendeu que o BE como terceira força política reforçada vai impor “uma derrota à direita”, pôr “a extrema-direita no seu lugar” e “vencer a maioria absoluta do PS”, permitindo um novo acordo.

Catarina Martins regressou esta tarde à sua escola, a secundária José Estêvão, em Aveiro, e do palco do comício onde se podia ler “Bloco. Esquerda de confiança” definiu os objetivos para as eleições legislativas de 30 de janeiro, mas também não esqueceu o primeiro-ministro, António Costa, que acusa de não ter explicado “até hoje quando é que mudou de ideias sobre a legislação laboral da ‘troika'”.

“O Bloco de Esquerda como terceira força política reforçada neste país imporá uma derrota à direita, porá a extrema-direita no seu lugar e vai vencer a maioria absoluta do PS para garantir, sim, que se abre um novo ciclo que deixe mesmo para trás a austeridade, que salve o SNS e que faça com que o salário seja digno e o emprego respeite quem trabalha e quem trabalhou toda uma vida”, afirmou.

Apontando já ao voto antecipado que decorrerá no domingo, a coordenadora do BE defendeu que no distrito onde decorreu o comício, os aveirenses sabem que o BE “é a esquerda no parlamento, é a esquerda que fará a diferença”, assegurando que os bloquistas são “incansáveis”.

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“Toda esta gente que se mexe, que não desiste, é toda esta força que dará ao Bloco de Esquerda a capacidade de impor um novo acordo e um acordo que comece pela saúde e pelo trabalho e que aqui toda a gente vai viver de cabeça erguida”, sublinhou.

Catarina Martins voltou a um tema sobre o qual já tinha confrontado António Costa no debate que tiveram esta semana.

“António Costa, em 2012, criticava António José Seguro e até dizia: eu dificilmente teria votado aquelas alterações à legislação laboral. António Costa tinha toda a razão em 2012”, referiu.

Segundo a líder do BE, aquilo que o secretário-geral do PS “não explicou até agora é porque é que mudou de opinião, se é que mudou de opinião” ou então “quando é que mudou de opinião”.

“Será que António Costa, aquele que escreve no seu programa eleitoral que quer ponderar, pensar, estudar a semana de quatro dias de trabalho, é o mesmo que recusou o acordo com o Bloco de Esquerda para repor os três dias de férias que foram tirados pela ‘troika’?”, ironizou.

Catarina Martins garantiu que, por seu turno, “o BE não mudou de ideias e sabe que o compromisso é com quem trabalha”.

“E sabe que é preciso tirar a ‘troika’ da legislação do trabalho e é preciso acabar com os despedimentos baratos e as horas extra que não são pagas e é preciso repor dias de férias e é preciso que os trabalhadores sejam respeitados”, enfatizou.

BE acusa Costa de dar milhões à Galp em vez da lição que prometeu

O deputado do BE Nelson Peralta acusou o primeiro-ministro de ter prometido uma “lição exemplar” à Galp e não a ter dado, estando sim a preparar-se para lhe dar milhões para descontaminar solos da refinaria de Matosinhos.

Nelson Peralta, deputado recandidato do BE por Aveiro, aproveitou o comício de hoje — que decorreu na cidade aveirense e contou com a presença de Catarina Martins — para trazer para a campanha legislativa um tema que marcou a última corrida eleitoral autárquica há poucos meses: a “lição exemplar” prometida por António Costa à Galp depois do “disparate” em Matosinhos.

“Tivemos há pouco tempo uma campanha eleitoral das autárquicas e António Costa ergueu a sua voz contra a Galp. Dizia que era tempo e que ia dar uma lição à Galp. Alguém se lembra aqui da lição que António Costa deu à Galp? Não, pois não”, criticou.

De acordo com o deputado bloquista, em 29 de dezembro, o Governo publicou “uma pequena portaria que passou despercebida” e que regulava “como é que o dinheiro da bazuca europeia vai ser aplicado na descarbonização da indústria”.

“Esta portaria diz que os milhões para a descarbonização podem ser usadas para empresas para problemas de descontaminação de solos. Isto não tem rigorosamente nada a ver com retirar CO2 da atmosfera com a descarbonização. Isto tem a ver com uma borla”, atirou.

Segundo Nelson Peralta, “António Costa prometeu uma lição e está a dar milhões” uma vez que a “Galp agora tem um problema” já que “os seus solos na refinaria de Matosinhos estão contaminados e precisa de os retirar a baixo preço”.

“Lanço daqui a uma pergunta direta para António Costa: o Governo está a preparar-se para pagar a descontaminação dos solos da refinaria de Matosinhos? António Costa, afinal a lição prometida são muitos e muitos milhões para a Galp, para continuar a política do costume?”, perguntou.

Em setembro, num comício da campanha eleitoral precisamente em Matosinhos, o secretário-geral do PS, António Costa, considerou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa, declarações que geraram então muitas críticas de outros partidos políticos.